São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

Próximo Texto | Índice

TÁTICA
Desafio é expandir atuação sem se tornar superficial
Mercado procura especialista versátil

LIGIA BRASLAUSKAS
da Reportagem Local

Qual é o melhor caminho para se tornar um profissional disputado no mercado de trabalho: seguir uma carreira de especialista e virar perito em uma única área ou abraçar novos conhecimentos para conhecer um pouco de tudo?
A decisão pode definir sua sorte no futuro. Um generalista, que entende de vários assuntos e, como se diz no futebol, joga em várias posições, tem à disposição um leque maior de opções na empresa.
Isso significa mais chances de promoção e, em caso de corte de pessoal, a possibilidade de um remanejamento de cargo.
Mas também existe o risco de o profissional adquirir uma noção tão superficial de tudo que acaba se tornando uma peça descartável dentro da empresa.
Já um especialista pode passar a ser remunerado a peso de ouro se for um exímio conhecedor de sua área. Mas, se a empresa deixar de ter interesse naquele ramo ou se a função for, por acaso, extinta, terá chances restritas de optar por um trabalho em um cargo diferente.
Por esses motivos, o caminho sugerido por consultores é mesclar as vantagens de ser especialista e as de ser generalista.

Oportunidades
Embora o mercado esteja mirando profissionais que tenham facilidade de atuar em áreas diversas, eles garantem que há espaço para os "experts" em um só assunto.
O mais indicado é se especializar no ramo de interesse e buscar aprender tudo o que for possível sobre áreas que estejam relacionadas ao trabalho do dia-a-dia.
Segundo Simon Franco, 58, consultor e "headhunter" (caçador de talentos para empresas), hoje em dia, até os especialistas precisam estar atentos às informações que possam beneficiar ou facilitar o seu próprio trabalho.
"Um cientista precisa ter conhecimentos sobre custos para saber se, financeiramente, o projeto é viável. O mesmo se aplica a um especialista em criação de software", avalia Simon.
Mas ele diz que o mercado está aberto para os bons profissionais, independentemente de a carreira estar voltada para o estilo generalista ou para o especialista. "O mercado só não absorve amadores."

'Ou' versus 'e'
Para os consultores, o dilema de especializar-se ou não pode ser só uma questão de escolha pessoal.
"Todos começam como especialistas, afinal é para isso que os estudantes se preparam quando entram na faculdade", afirma Ugo Barbieri, 59, "headhunter" e consultor da Arthur Andersen.
Segundo ele, fazer uma opção definitiva no início da carreira é difícil porque o profissional ainda não conhece profundamente o lado prático da sua função.
"Muitos descobrem habilidades excepcionais para trabalhar em setores que, antes, não despertavam nenhum interesse", afirma.
O consultor Simon Franco ressalta que, há dez anos, na hora de escolher um rumo na carreira, os jovens precisavam optar por seguir uma área ou outra, como administração ou engenharia.
"Agora é diferente. O "ou' foi substituído pelo "e'. O ideal é fazer uma soma de conhecimentos, como graduação em economia e pós-graduação em marketing."



Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.