São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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MESTRADO PARA PROFISSIONAL

Modelo, que une teoria a prática, deve chegar a 25% das pós-graduações no país até 2010, avalia a Capes

Curso prioriza desempenho longe da lousa

ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Que tal conseguir um emprego após reforçar seu currículo matriculando-se em um mestrado? Se a pergunta provocou arrepios ao lembrá-lo de cursos que inviabilizam a atividade profissional e que estão recheados de teoria sem respaldo prático, esqueça.
O mestrado profissional entrou com força no currículo de grandes universidades para formar quem foge da idéia de passar dias trancado em uma sala de aula.
Criado em 1998, esse modelo já representa 7% dos cursos de pós-graduação (mestrados e doutorados) no país. A meta, segundo a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ligada ao Ministério da Educação, é que, em cinco anos, passe a representar 25%.
A principal diferença para o mestrado acadêmico tradicional é o enfoque: enquanto o primeiro forma pesquisadores e docentes, o profissional aposta em técnicas para o desempenho do trabalhador. "Queremos formar alunos para o mercado de trabalho", diz Mário Miyake, coordenador da pós-graduação em engenharia da computação do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Era justamente o que Juliana Bezerra Sanches, 29, procurava. Ela abandonou o curso de CBA (Certificate in Business Administration, de especialização) para tornar-se estudante de mestrado.
"Sou engenheira e quero estudar economia. Se eu fosse tentar um mestrado acadêmico, teria de sujeitar-me a ganhar um terço do que ganho hoje", compara.
Patrícia Coelho de Soarez, 31, optou pelo modelo ao voltar dos Estados Unidos, onde fez mestrado em Harvard, e recomenda a experiência. "Queria ferramentas profissionais. No acadêmico, tudo é visto pelo lado teórico", diz.

Social
"Nós temos dois objetivos: capacitar profissionais que aumentem a competitividade das empresas e formar atores sociais", afirma Renato Janine Ribeiro, diretor de avaliação da Capes.
Segundo ele, o governo quer evitar a tendência de o mestrado profissional tornar-se um aprimoramento só para empresas. "É também um ganho para a sociedade. Ao focar em áreas sociais -como saúde coletiva e ambiente-, o mestrado pode gerar produtos como consultorias", diz.
Ribeiro revela uma meta audaciosa da instituição: formar 6.000 profissionais em saúde pública. "Queremos, em dez anos, ter um mestre por secretaria de saúde."
Apesar do desejo, o posicionamento do governo é passivo. Ele apenas avalia -permitindo ou não- o pedido de abertura de novos cursos.

Parcerias
A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) chegou a ter 150 engenheiros aeronáuticos estrangeiros em sua equipe. Foram substituídos por cérebros nacionais. Em parceria com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), criou, em 2001, o mestrado para engenheiros aeronáuticos.
"O aluno faz esse programa para trabalhar conosco", afirma Julio Franco, vice-presidente de desenvolvimento organizacional e de pessoas da corporação.


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