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MESTRADO PARA PROFISSIONAL
Modelo, que une teoria a prática, deve chegar a 25% das pós-graduações no país até 2010, avalia a Capes
Curso prioriza desempenho longe da lousa
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Que tal conseguir um emprego
após reforçar seu currículo matriculando-se em um mestrado? Se
a pergunta provocou arrepios
ao lembrá-lo de cursos que inviabilizam a atividade profissional
e que estão recheados de teoria
sem respaldo prático, esqueça.
O mestrado profissional entrou
com força no currículo de grandes universidades para formar
quem foge da idéia de passar dias
trancado em uma sala de aula.
Criado em 1998, esse modelo já
representa 7% dos cursos de pós-graduação (mestrados e doutorados) no país. A meta, segundo a
Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ligada ao Ministério da
Educação, é que, em cinco anos,
passe a representar 25%.
A principal diferença para o
mestrado acadêmico tradicional é
o enfoque: enquanto o primeiro
forma pesquisadores e docentes,
o profissional aposta em técnicas
para o desempenho do trabalhador. "Queremos formar alunos
para o mercado de trabalho", diz
Mário Miyake, coordenador da
pós-graduação em engenharia da
computação do IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas).
Era justamente o que Juliana
Bezerra Sanches, 29, procurava.
Ela abandonou o curso de CBA
(Certificate in Business Administration, de especialização) para
tornar-se estudante de mestrado.
"Sou engenheira e quero estudar economia. Se eu fosse tentar
um mestrado acadêmico, teria de
sujeitar-me a ganhar um terço do
que ganho hoje", compara.
Patrícia Coelho de Soarez, 31,
optou pelo modelo ao voltar dos
Estados Unidos, onde fez mestrado em Harvard, e recomenda a
experiência. "Queria ferramentas
profissionais. No acadêmico, tudo é visto pelo lado teórico", diz.
Social
"Nós temos dois objetivos: capacitar profissionais que aumentem a competitividade das empresas e formar atores sociais",
afirma Renato Janine Ribeiro, diretor de avaliação da Capes.
Segundo ele, o governo quer
evitar a tendência de o mestrado
profissional tornar-se um aprimoramento só para empresas.
"É também um ganho para a sociedade. Ao focar em áreas sociais
-como saúde coletiva e ambiente-, o mestrado pode gerar produtos como consultorias", diz.
Ribeiro revela uma meta audaciosa da instituição: formar 6.000
profissionais em saúde pública.
"Queremos, em dez anos, ter um
mestre por secretaria de saúde."
Apesar do desejo, o posicionamento do governo é passivo. Ele
apenas avalia -permitindo ou
não- o pedido de abertura de
novos cursos.
Parcerias
A Embraer (Empresa Brasileira
de Aeronáutica) chegou a ter 150
engenheiros aeronáuticos estrangeiros em sua equipe. Foram
substituídos por cérebros nacionais. Em parceria com o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), criou, em 2001, o mestrado
para engenheiros aeronáuticos.
"O aluno faz esse programa para trabalhar conosco", afirma Julio Franco, vice-presidente de desenvolvimento organizacional e
de pessoas da corporação.
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