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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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SUA CARREIRA

Experiência profissional adquirida ainda na faculdade pode contar pontos preciosos no currículo

Pular estágio dificulta entrada no mercado

MARCELO GOTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se para quem possui um currículo invejável já é difícil encontrar colocação, imagine para aqueles que adiam a estréia no mercado -o chamado estágio- para se concentrar somente nos estudos da graduação. Nesses casos, a batalha para conquistar o primeiro emprego pode ser mais difícil.
A estudante Giane de Freitas, 26, que cursa o último semestre de ciências contábeis na FAI (Faculdades Integradas Ipiranga), sentiu o drama na pele. Há dois anos ela trocou uma oportunidade de estágio em sua área por um emprego em outro setor em uma empresa prestadora de serviços de telefonia. "Tinha esperanças de que mudaria para a área contábil, mas isso não aconteceu", lembra.
Não foi a melhor opção. Desempregada há um mês, hoje ela busca uma vaga de estagiária na tentativa de adquirir experiência como contadora. "Fico arrependida de não ter feito estágio antes. Se a situação piorar, vou ter de procurar algo fora da minha área."
A advogada Roberta Gomes Vicentin, 27, por sua vez, ficou seis meses desempregada por causa da falta de experiência. "Foi um período muito difícil para mim. Meu pai teve de me sustentar", conta. Ela não teve tempo de fazer estágio, pois já trabalhava em um banco ao mesmo tempo em que cursava a faculdade de direito.

Experiência básica
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente-executivo do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), afirma que escolaridade e experiência são consideradas requisitos básicos pelo mercado. Não basta apenas cursar uma faculdade respeitada. "As empresas querem pessoas com conhecimento profissional agregado", afirma.
O diretor administrativo do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), Carlos Henrique Mencaci, encara a questão da mesma forma. Para ele, o candidato que não tiver um estágio no currículo vai enfrentar dificuldades para encontrar emprego. "Ter feito estágio alavanca as possibilidades de contratação", opina.
O consultor em recursos humanos e vice-presidente da consultoria Fesa (Financial Executive Search Associates), Francisco Ramirez, faz coro: "Aqueles que antecipam suas experiências profissionais estão um passo à frente daqueles que deixam para fazê-lo quando recebem o diploma".

Toque pessoal
A consultora de recursos humanos Irene Azevedo diverge dos colegas. Segundo ela, quem opta por aprofundar os conhecimentos adquiridos na faculdade, cursando pós-graduação ou cursos de especialização, por exemplo, tem boas chances de ascensão.
A lógica seria a de que o sucesso na disputa pelo primeiro emprego dependeria mais de qualidades pessoais do candidato, como capacidade de liderança e aptidão para trabalhar em equipe.
Azevedo diz ainda que a exigência de experiência profissional tende a diminuir no futuro, já que "as universidades estão buscando cada vez mais adequar seus currículos à realidade das empresas".
A sócia-diretora da Career Center (consultoria de aconselhamento de carreira), Luciana Sarkozy, recomenda ao candidato que não fez estágios buscar outras formas de experiência que possam enriquecer o currículo, mesmo que não sejam remuneradas.
Segundo ela, a participação em projetos sociais já pode contar pontos. "Responsabilidade social é um assunto que vem crescendo dentro das empresas", explica.
Luiz Gonzaga Bertelli também observa que o engajamento em atividades sociais aumenta as possibilidades de contratação. "Hoje muitas empresas estão lendo o currículo de trás para frente. A formação acadêmica é o último item a ser avaliado", brinca.
Há quem, no entanto, mesmo sem ter estagiado, é capaz de conseguindo boa colocação.
A bioquímica Carolina Teixeira, 25, é um exemplo. Apesar de não ter estagiado em indústrias químicas, foi contratada por um laboratório seis meses depois de formada. "O melhor é que eu consegui a vaga mesmo sem ter trabalhado nessa área antes."

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