São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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VIDAS SEM RUMO

Filme retrata jovem da periferia de SP em seu 1º dia de trabalho

CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E CARREIRAS

Ubiratan Pereira dos Santos, 29, trabalhou dos oito aos 15 anos como ajudante de feira. Desde os 15, é vendedor ambulante nos faróis de São Paulo. Ele gostaria de ter "um trampo de carteira assinada", mas não consegue. "É impossível."
Diana vende pastéis na feira. Economiza, contudo, dinheiro para ter seu "book" fotográfico -e a vida com a qual sonha.
Reais ou fictícios, ambos são personagens do longa "Os 12 Trabalhos", que estreou nos cinemas do país no último dia 9.
Suas utópicas aspirações, descritas de forma sucinta e direta, fazem parte do emaranhado de fios que tecem a história do personagem principal, Heracles, em seu primeiro dia de trabalho como motoboy.
Jovem negro da periferia de São Paulo, Heracles lança-se no mercado de trabalho com um desafio: em seu período de experiência, deve realizar 12 tarefas pelas ruas da capital paulista antes de ser contratado.
Nessa jornada, depara-se com toda a sorte de obstáculos enquanto transita do Páteo do Colégio à avenida 23 de Maio: violência, preconceito, burocracia, desconfiança, grosseria.
Com uma releitura contemporânea do mito de Hércules -que, para ser perdoado, foi obrigado a cumprir 12 trabalhos-, o diretor, Ricardo Elias, traça no filme um panorama da vida nas grandes cidades e enfatiza o esforço e a luta de uma vida sem muitas perspectivas.
"Qualquer mundo tem suas fronteiras, seus lugares proibidos. Bairros indicam classes, ruas indicam quem você é. Cara, dependendo de onde você nasceu, já é. Que a história já está escrita antes mesmo de ela começar", narra o protagonista em uma das cenas iniciais.
Excluídos, mas não alheios a temas atuais -como globalização, fusão de empresas e tecnologia da informação-, os jovens da periferia retratados em "Os 12 Trabalhos" confundem-se com os milhares que, diariamente, formam filas em agências de emprego, batem de porta em porta para deixar seus currículos e esperam, em vão, uma reposta do empregador.
Ao assistir ao filme, o espectador tem a impressão de que a realidade transcende a telona de uma forma palpável, porém fácil de encarar. Só no cinema.

NA INTERNET


www.os12trabalhos.com.br



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