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VIDAS SEM RUMO
Filme retrata jovem da periferia de SP em seu 1º dia de trabalho
CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E CARREIRAS
Ubiratan Pereira dos Santos,
29, trabalhou dos oito aos 15
anos como ajudante de feira.
Desde os 15, é vendedor ambulante nos faróis de São Paulo.
Ele gostaria de ter "um trampo
de carteira assinada", mas
não consegue. "É impossível."
Diana vende pastéis na feira.
Economiza, contudo, dinheiro
para ter seu "book" fotográfico
-e a vida com a qual sonha.
Reais ou fictícios, ambos são
personagens do longa "Os 12
Trabalhos", que estreou nos cinemas do país no último dia 9.
Suas utópicas aspirações,
descritas de forma sucinta e
direta, fazem parte do emaranhado de fios que tecem a história do personagem principal,
Heracles, em seu primeiro dia
de trabalho como motoboy.
Jovem negro da periferia de
São Paulo, Heracles lança-se no
mercado de trabalho com um
desafio: em seu período de experiência, deve realizar 12 tarefas pelas ruas da capital paulista antes de ser contratado.
Nessa jornada, depara-se
com toda a sorte de obstáculos
enquanto transita do Páteo do
Colégio à avenida 23 de Maio:
violência, preconceito, burocracia, desconfiança, grosseria.
Com uma releitura contemporânea do mito de Hércules
-que, para ser perdoado, foi
obrigado a cumprir 12 trabalhos-, o diretor, Ricardo Elias,
traça no filme um panorama da
vida nas grandes cidades e enfatiza o esforço e a luta de uma
vida sem muitas perspectivas.
"Qualquer mundo tem suas
fronteiras, seus lugares proibidos. Bairros indicam classes,
ruas indicam quem você é.
Cara, dependendo de onde você nasceu, já é. Que a história já
está escrita antes mesmo de ela
começar", narra o protagonista
em uma das cenas iniciais.
Excluídos, mas não alheios a
temas atuais -como globalização, fusão de empresas e tecnologia da informação-, os jovens da periferia retratados em
"Os 12 Trabalhos" confundem-se com os milhares que, diariamente, formam filas em agências de emprego, batem de porta em porta para deixar seus
currículos e esperam, em vão,
uma reposta do empregador.
Ao assistir ao filme, o espectador tem a impressão de que a
realidade transcende a telona
de uma forma palpável, porém
fácil de encarar. Só no cinema.
NA INTERNET
www.os12trabalhos.com.br
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