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Com fiscalização, gestores de RH oferecem vagas "chão de fábrica"
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Que todo emprego é digno é
fato. Mas é duro quando a oferta de vagas se concentra em setores de baixa qualificação e está atrelada a uma obrigação, e
não à procura real por um profissional capacitado.
Tem sido assim, em geral,
que empresas querem colocar
a pessoa com deficiência atuante no mercado de trabalho.
Com a fiscalização "pegando
no pé" para cumprir a Lei de
Cotas, alguns gestores de RH
disparam anúncios de vagas
"chão de fábrica".
Nada contra apertar parafusos, atender telefone ou abrir
portas. Acontece que há milhares de cadeirantes -engenheiros, arquitetos, advogados, farmacêuticos, atores- que querem e precisam trabalhar para
viver com dignidade.
Não cabe mais atrelar capacidade física à habilidade intelectual e querer limitar o ambiente onde elas irão atuar. Um local de trabalho que contempla
a diversidade amplia seu potencial de atingir um maior número de objetivos, de metas.
Muito se escuta sobre a "pouca qualificação" do deficiente.
Devido à falta de acesso, sobretudo, poucos deficientes chegam aos bancos universitários.
Mas esse público existe, quer
trabalhar e é amparado pela lei,
pelo bom senso. Há também
profissionais que já eram formados quando passaram à condição de deficientes.
Uma rampa, um software auxiliar de leitura custam caro e
inviabilizam a contratação?
O valor, decerto, é menor que
o impacto social e humano de
abandonar gente qualificada e
que pode apresentar resultados
concretos para um negócio.
A história já mostrou muitas
vezes que competência, genialidade e produtividade não
guardam relação com pleno vigor físico ou sensorial.
O autor é cadeirante e edita o blog Assim
como Você na Folha Online
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