São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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ACADEMIA/TERCEIRO SETOR

Carreira em salas de aula exige interesse constante

Profissionais consagrados aconselham ter paixão pelo conteúdo ensinado

CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando a professora doutora de veterinária da USP Maria Angélica Miglino pensa em seu primeiro orientador, ela se recorda de suas palavras: "O aluno deve ter brilho nos olhos".
Para um acadêmico, esse brilho é a constante inquietação e a vontade de encontrar respostas a velhas e a novas questões.
São diversos os caminhos que podem ser trilhados quando se escolhe a academia. Geralmente, a visão mais específica da profissão remonta à seqüência graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, seguida por professores universitários e pesquisadores.
No entanto, há outros campos de trabalho, como aulas nos níveis fundamental e médio.
Aos 12 anos, o professor do colégio Arquidiocesano Silvio Bedani já sabia o que queria ser quando crescesse: professor de português. "Eu tive um mestre que me inspirou e optei pelo ensino médio porque gosto de trabalhar com adolescentes." Segundo Bedani, não basta gostar de lecionar -é preciso ter interesse pelo conteúdo.
"Isso é essencial para que o professor tenha um bom desempenho", diz Sérgio Tozoni, coordenador de graduação em matemática da Unicamp.
Seguindo a fórmula, o mais jovem professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Guilherme Umeda, 26, se diz "apaixonado por propaganda e marketing".
"Eu me identifico com a profissão, pois a educação tem um papel essencial no desenvolvimento humano", explica.
Foi essa crença na educação que impulsionou o jurista Damásio de Jesus a criar o complexo jurídico e a faculdade que levam seu nome. Para ele, o bom mestre é aquele que transmite emoção e verdade.
"Ele deve personificar o que diz para atingir o objetivo de transmitir conhecimento", diz.
Para a professora da USP Marie-Anne Van Sluys, que pesquisa a área genômica botânica, a maior recompensa da carreira é "testemunhar a evolução do aluno, tanto na sala de aula quanto na pesquisa".
Já a professora de inglês Vera Vukovic, que leciona desde 1959, diz que o ensino é mais do que uma profissão. "Minha aposentadoria é suficiente para viver, mas não consigo deixar as aulas. Meus alunos são meu contato com o mundo. Às vezes penso: "Hoje não posso morrer porque tenho que dar aula".


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