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SUA CARREIRA
Mesmo sem dinheiro, jovens valorizam suas qualificações com prêmios, monitorias e bolsas de estudo
Criatividade e iniciativa turbinam currículo
FRANCINE DE LORENZO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Que a experiência profissional é
fator determinante para a conquista de uma vaga no mercado
de trabalho ninguém discute.
Muitos jovens, contudo, não têm
um diversificado histórico profissional para destacar no currículo.
Nesses casos, a saída, segundo os
consultores de recursos humanos, é investir na própria formação, uma fórmula incontestável
para galgar degraus na carreira.
Esse caminho, no entanto, nem
sempre é fácil. Para muitos, faltam os recursos financeiros necessários para poder arcar com
mensalidades e taxas de inscrição.
Os profissionais que têm maior
poder aquisitivo acabam levando
vantagem sobre os demais na disputa por uma vaga de trabalho.
"É uma realidade. Quem tem
mais recursos pode estudar nas
melhores escolas, inclusive no exterior, realizar vários cursos de
idioma e de extensão curricular.
Isso é valorizado pelas empresas",
afirma a gerente da consultoria de
recursos humanos Gelre, Vera
Modolo. "Já quem não tem o chamado "paitrocínio" muitas vezes
se submete a qualquer tipo de emprego para bancar a faculdade."
Quem está em situação como
essa, entretanto, não deve desanimar. Para os que têm iniciativa e
força de vontade, não faltam
meios econômicos para incrementar os conhecimentos e chamar a atenção do empregador
(veja dicas no quadro ao lado).
"Em geral, os jovens carentes
que batalham por oportunidades
amadurecem mais rapidamente e
as empresas vêem isso como um
diferencial", acrescenta Modolo.
A falta de dinheiro no bolso não
abalou a perseverança do desenhista industrial Bruno Ribeiro.
Aos 18 anos, ele saiu de Barretos,
no interior de São Paulo, e veio
para a capital, após passar no vestibular de uma das universidades
privadas mais disputadas do país.
"Solicitei uma bolsa de estudos
e consegui 60% de desconto na
mensalidade graças ao meu histórico escolar", afirma. As notas
também foram importantes para
a conquista de um estágio. "Um
dos itens analisados pelos empregadores foi o histórico, que só
depende do esforço individual.
Ter boas notas sempre me ajudou", comemora o desenhista.
Filha de zelador, a administradora Renata Santos, 25, teve de
suar a camisa para realizar o antigo sonho de estudar na Suécia:
"Sempre freqüentei escola pública e não tinha o dinheiro para o
intercâmbio. Mas tenho força de
vontade e consegui uma bolsa integral de estudos", conta ela, que
atualmente mora no país nórdico.
Exemplos como esses demonstram que, embora seja mais difícil, é possível incrementar o currículo sem gastar muito dinheiro.
Consultores e empregadores ressaltam que alguns diferenciais dependem principalmente da força
de vontade de cada pessoa.
O voluntariado é um deles. Na
fabricante de cosméticos Natura,
o processo seletivo considera não
somente a formação acadêmica
do candidato mas também a realização de trabalhos voluntários.
"Acreditamos que vivências como essas propiciam aos jovens
energia para questionar e propor
soluções, buscar oportunidades
de aprendizado, além de dinamismo e curiosidade", explica a gerente de recursos humanos da
empresa, Andréa Vernacci.
Para o diretor do Centro Universitário Senac, Eduardo Ehlers,
o mais importante é manter contato com o mercado de trabalho.
"Há várias formas de obter essa
vivência. Participar de programas
de atendimento gratuito à população, de empresas juniores ou de
concursos para jovens talentos
são algumas delas", comenta.
Foi o que fez o gastrólogo Bruno
Faro para encontrar a experiência
que lhe faltava: participou de um
concurso promovido por uma revista. "Apenas se preparar para
um evento como esse, em que há
concorrência com bons profissionais, já é um desafio profissional.
Seu trabalho é avaliado por especialistas, e todos os seus conhecimentos, postos à prova", conta.
Colaborou a Redação
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