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De olho no rendimento
Controle é feito com mão de ferro
RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia 15 deste mês, servidores do INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social) foram surpreendidos pela decisão do
órgão de monitorar o envio e
o recebimento de seus e-mails.
Mensagens deverão se limitar a assuntos profissionais, sob
pena de o trabalhador enfrentar processo administrativo.
A iniciativa de policiar o uso
do e-mail é cada vez mais recorrente no ambiente de trabalho.
Mas, ao contrário do caso do
INSS -cujos argumentos são
garantir o bom funcionamento
da rede de comunicação e impedir ataques de vírus de computador-, a principal justificativa das firmas é assegurar a
produtividade das equipes.
A fiscalização das mensagens
não é a única iniciativa para fazer com que as tarefas sejam
executadas em menos tempo.
Distanciar funcionários para
evitar conversas, vetar o uso de
celular e controlar horários de
pausa são medidas adotadas
em algumas corporações.
É no controle do meio eletrônico, no entanto, que muitas
empresas têm investido para
tentar impedir a perda ou a diminuição do foco nos assuntos
profissionais. Em especial
quando se trata da internet.
Na lista de sites proibidos pelas empresas estão os que levam a páginas de comunidades
virtuais, de comunicadores instantâneos -como MSN Messenger e ICQ- e de blogs.
Foi o caso da NK Contabilidade, que bloqueou o acesso a
e-mails particulares e a redes
de relacionamento virtuais.
Apenas sites como os de informação e de órgãos de governo e
os de mensagens instantâneas,
utilizados no contato com os
clientes, foram autorizados.
"O trabalho requer concentração. Quando liberamos o
acesso, houve perda de produtividade da equipe. Antes, eram
feitos dez fechamentos por
mês. Depois da liberação, apenas cinco ou seis", conta o sócio
Rogério Kita, 30.
Liberdade vigiada
Em tempos em que brotam
programas de bem-estar aos
funcionários, o controle rigoroso pode parecer um paradoxo.
Especialistas, porém, não censuram a adoção de restrições.
"Cercear não é uma medida
negativa", diz a professora de
psicologia aplicada à administração do Ibmec-SP Ana Maria
Roux Cesar. "É uma forma de
manter a disciplina organizacional", afirma a professora
Ana Cristina Limongi França,
especialista em qualidade de
vida no trabalho da FEA-USP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Para elas, no entanto, é preciso que a empresa tenha políticas claras para a implementação de sistemas de controle.
"A restrição à liberdade pode
gerar perda de motivação", assinala Ana Maria. "É preciso
que a ação esteja sustentada
por uma gestão participativa,
que inclua a colaboração de todos", complementa França.
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