São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2007

Próximo Texto | Índice

De olho no rendimento

Controle é feito com mão de ferro

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia 15 deste mês, servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foram surpreendidos pela decisão do órgão de monitorar o envio e o recebimento de seus e-mails.
Mensagens deverão se limitar a assuntos profissionais, sob pena de o trabalhador enfrentar processo administrativo.
A iniciativa de policiar o uso do e-mail é cada vez mais recorrente no ambiente de trabalho. Mas, ao contrário do caso do INSS -cujos argumentos são garantir o bom funcionamento da rede de comunicação e impedir ataques de vírus de computador-, a principal justificativa das firmas é assegurar a produtividade das equipes.
A fiscalização das mensagens não é a única iniciativa para fazer com que as tarefas sejam executadas em menos tempo.
Distanciar funcionários para evitar conversas, vetar o uso de celular e controlar horários de pausa são medidas adotadas em algumas corporações.
É no controle do meio eletrônico, no entanto, que muitas empresas têm investido para tentar impedir a perda ou a diminuição do foco nos assuntos profissionais. Em especial quando se trata da internet.
Na lista de sites proibidos pelas empresas estão os que levam a páginas de comunidades virtuais, de comunicadores instantâneos -como MSN Messenger e ICQ- e de blogs.
Foi o caso da NK Contabilidade, que bloqueou o acesso a e-mails particulares e a redes de relacionamento virtuais. Apenas sites como os de informação e de órgãos de governo e os de mensagens instantâneas, utilizados no contato com os clientes, foram autorizados.
"O trabalho requer concentração. Quando liberamos o acesso, houve perda de produtividade da equipe. Antes, eram feitos dez fechamentos por mês. Depois da liberação, apenas cinco ou seis", conta o sócio Rogério Kita, 30.

Liberdade vigiada
Em tempos em que brotam programas de bem-estar aos funcionários, o controle rigoroso pode parecer um paradoxo. Especialistas, porém, não censuram a adoção de restrições.
"Cercear não é uma medida negativa", diz a professora de psicologia aplicada à administração do Ibmec-SP Ana Maria Roux Cesar. "É uma forma de manter a disciplina organizacional", afirma a professora Ana Cristina Limongi França, especialista em qualidade de vida no trabalho da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Para elas, no entanto, é preciso que a empresa tenha políticas claras para a implementação de sistemas de controle.
"A restrição à liberdade pode gerar perda de motivação", assinala Ana Maria. "É preciso que a ação esteja sustentada por uma gestão participativa, que inclua a colaboração de todos", complementa França.


Próximo Texto: Profissionais reclamam de restrições
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.