São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010 |
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O LADO B DA GERAÇÃO Y Jovem imediatista assusta gestores
Recrutadores ficam receosos com candidatos talentosos que desprezam ritos corporativos
ANDRÉ LOBATO DA REPORTAGEM LOCAL Um jovem que estudou nas melhores escolas, aprendeu idiomas, teve experiências no exterior, é inteligente, criativo e conectado e tem disposição para trabalhar duro e inovar ostenta um currículo que parece ser o sonho dos selecionadores das empresas. Não necessariamente. Esse mesmo perfil pode virar um pesadelo para os gestores que logo identificam a geração Y -leva dos nascidos entre 1980 e 1990, que reúne caraterísticas como agilidade, autodidatismo tecnológico e criatividade. Isso porque esses "nativos digitais" demandam muito de seus superiores, não temem atropelar processos e, principalmente, não pensam duas vezes antes de trocar a empresa que investiu em seu treinamento por uma que pague melhor ou outra que ainda não existe: a que vão criar. Assim, os gestores tendem a ficar alertas para o perfil Y excessivo: aquele que, apesar de reunir o currículo ideal, não tem paciência para os ritos da cultura corporativa, como esperar por uma promoção. Para Fernando Mantovani, da consultoria Robert Half, o principal problema é a alta rotatividade. "Uma empresa investe muito no profissional. Se após dois anos ele sai, não valeu a pena", avalia, sobre o desgaste financeiro e organizacional. O consultor argumenta ainda que essa rotatividade é estimulada pela ambição por grandes projetos, com desprezo pelos menores e, especialmente, pelas tarefas operacionais. "Não dá para sair da faculdade e construir uma hidrelétrica. É preciso primeiro fazer uma estrada, depois uma ponte pequena e, em seguida, uma ponte grande", exemplifica. Falta maturidade Além de estarem atentos para filtrar o Y excessivo, alguns gestores chegam até a optar pela geração anterior, chamada de X. Apesar de menos inovadora, tem mais facilidade de lidar com processos e repetições. "Prefiro um X a um Y", diz Sandra Regina Frias, diretora de recursos humanos da Chris Cintos de Segurança. "Trabalhamos com a vida das pessoas. Não dá para ter alguém imediatista e sem compromisso com o produto", declara. "A imaturidade acaba trazendo algumas consequências. Eles não têm muita noção do risco do que estão fazendo. Por isso o treinamento é essencial. Apesar disso, vejo o tempo inteiro o baixo desempenho dos que têm 40 anos", afirma Márcia Almstrom, consultora de recursos humanos. "Isso não acontece com o jovem, porque ele gosta do que faz." Próximo Texto: Criado nos EUA, conceito só se aplica a um grupo restrito, avalia especialista Índice |
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