São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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MANUAL DO DESEMPREGADO

Pesquisa Seade-Dieese na Grande SP revela que o tempo médio de procura por uma vaga é de 56 semanas

Via-crúcis dura mais de um ano

Fernando Moraes/Folha Imagem
Mesmo chegando às 4h15 em um centro que oferece vagas de recolocação, o porteiro Jorge Ferreira, 29, ainda não conseguiu um trabalho que se encaixe em seu perfil


DA REPORTAGEM LOCAL

Cinqüenta e seis semanas (um ano e um mês) é o tempo médio que o desempregado passa à procura de uma vaga, segundo revela pesquisa de fevereiro da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), realizada na região metropolitana de São Paulo.
E esse tempo vem aumentando na proporção do número de desempregados, que já somam 1,926 milhão. Em fevereiro de 1985, ano em que os dados começaram a ser coletados, o tempo de procura era, em média, de 30 semanas. O crescimento de 86,67% -em relação ao segundo mês deste ano- indica a dificuldade de conseguir uma vaga.
Demitido nove meses atrás, o porteiro Jorge Ferreira, 29, é um dos quase 2 milhões de desempregados da Grande São Paulo, contingente que representa 19,8% da população economicamente ativa (taxa recorde para um mês de fevereiro desde 1985).
Com o projeto de ser pai adiado, ele diz que divide seu tempo entre visitas a agências de emprego e "bicos" como mecânico.
Seu perfil enquadra-se no que o gerente-executivo do Centro de Solidariedade ao Trabalhador da Força Sindical, Paulo Muniz Souza, 43, chama de "desempregado profissional" -trabalhadores que, apesar da situação do mercado, não deixam de freqüentar centros de recolocação.
E é justamente isso que deve ser feito, diz João Vicentini Neto, da Central de Trabalho e Renda da CUT (Central Única dos Trabalhadores): lançar mão de todos os instrumentos de prospecção de vagas, como jornais e internet.
O alto índice de desemprego gera outro movimento: pessoas com qualificação excessiva aceitando vagas que exigem menor capacitação. É o caso da administradora Luísa Mariano, 40, que tem pós-graduação e já trabalhou em multinacionais. "Cada vez as vagas oferecem salários menores", diz. Hoje, seu rendimento vem de trabalhos esporádicos.
Apesar do quadro alarmante, o cenário pode mudar ainda neste ano, segundo especialistas. Para Paula Montagner, gerente de análise da Seade, a inflação estável e a redução da taxa básica de juros podem proporcionar melhoras no segundo semestre.
Confira, nesta edição, indicações de postos de recolocação, cursos e serviços úteis ao desempregado. (SILVIA BASILIO RIBEIRO)


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