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saúde corporativa
Síndrome obriga a reduzir atividades
Profissional omite diagnóstico de fadiga crônica
RAQUEL BOCATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Profissionalmente, Margarida Makiyama, 41, sempre chegou aonde quis. Até 2001, havia
traçado uma trajetória ascendente na área de publicidade,
com passagem por algumas
das maiores empresas do país.
Depois, investiu em medicina
oriental, conquistando uma
extensa carteira de clientes.
Em 2005, porém, foi atacada
por dores constantes na região
do fígado e dos rins. O cansaço
não a deixava -nem um repouso de 24 horas surtia resultado.
Com dores no corpo, falta de
força física e problemas de memória, recorreu a médicos. Seis
meses depois, teve o diagnóstico: síndrome da fadiga crônica.
"Perdi a voz por três meses.
Não conseguia mais andar."
O mal, segundo pesquisas,
ataca de 0,6% a 2,6% da população, de acordo com a região de
estudo, diz o reumatologista
Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo.
Diagnóstico
As causas da síndrome, que
ainda não tem cura, não são
completamente conhecidas.
Também não há exames laboratoriais que a identifiquem.
"O diagnóstico é clínico e,
muitas vezes, leva de cinco a
seis anos até que o paciente
descubra o que tem."
Os exames auxiliam a excluir
outras causas de fadiga, como
câncer e doenças metabólicas, e
nem todos os profissionais estão habilitados a diagnosticá-la,
dado o pouco conhecimento
sobre a síndrome, explica o presidente da Sociedade Brasileira
para o Estudo da Dor, Carlos
Mauricio de Castro Costa (veja
ao lado os sintomas da doença).
Quem padece do mal encontra dificuldade não só no esclarecimento da síndrome como
também no mercado de trabalho. Não raro, a falta de energia
é vista como acomodação.
Quando começou a ficar cansado demais para o trabalho do
dia a dia na empresa, o jornalista H.A., 54, parou de investir
em projetos paralelos.
Apesar de ter obtido o diagnóstico em 2004, só comentou
com a chefia sobre seu quadro
de saúde no fim do ano passado,
quando pleiteou a mudança de
sua jornada diária.
Por enquanto, diz preferir
não contar aos colegas sobre o
mal, por causa do estigma que
cerca a síndrome.
Agora, o jornalista deve migrar para uma área correlata.
Margarida Makiyama, que havia cancelado os atendimentos,
já os retomou parcialmente.
"Tenho pensado em trabalhar
no mercado financeiro."
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