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Trabalhador vê padrão de vida cair
Para pagar contas, profissionais recorrem a amigos e família e acionam empresa na Justiça
DE SÃO PAULO
Quando não há previsão
para o salário atrasado ser
pago, profissionais não veem
outra saída: têm de abrir mão
de atividades rotineiras e pedir dinheiro emprestado para
manter o padrão de vida.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a inadimplência deixa o trabalhador
abalado emocionalmente. A
saída é, muitas vezes, buscar
recolocação no mercado.
"O descaso faz o profissional abandonar o posto", opina o diretor regional da Rede
Nacional de Contabilidade
Marcos Apostolo, sobre a
alta rotatividade de companhias que não pagam em dia
seus colaboradores.
Em casos recorrentes de
atraso de pagamento, é possível fazer denúncia ao sindicato ou ao Ministério do Trabalho, pedir rescisão indireta
do contrato de trabalho e entrar com ação na Justiça.
A solução encontrada pelo
engenheiro M.O., 28, foi pedir demissão em novembro
para receber parte dos três
salários atrasados, que totalizavam cerca de R$ 16 mil, e
saldar dívidas. "Primeiro,
deixaram de depositar o
FGTS [Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço]. Depois,
atrasaram pagamentos", diz
ele, que permaneceu por dois
anos e meio na empresa.
Para não se tornar inadimplente, a solução foi pedir dinheiro emprestado a familiares e amigos. "O difícil foi
abrir mão do padrão de vida
ao qual estava acostumado."
A opinião é compartilhada
pela psicóloga V.L., 30, ex-funcionária de um hospital
de São Paulo. Ela suspendeu
o curso de pós-graduação e
atrasou as contas do celular
e da assistência médica.
"Para quitar minhas dívidas, minha mãe entrou no
cheque especial", conta.
Foram cinco meses sem remuneração. Em setembro,
ela foi despedida.
Os impostos referentes aos
dez meses trabalhados também não foram pagos. "Entrarei na Justiça", pontua.
TRANSPARÊNCIA
Para Roberto Morsa, consultor de carreira da Top Prime, de gestão de pessoas, os
trabalhadores têm direito a
ser informados sobre o motivo do atraso do salário ou do
benefício, "o que não ameniza a situação, mas demonstra
transparência dos gestores".
Para Aparecido Inácio, advogado especialista em direito coletivo do trabalho, ao receber a notícia, o funcionário
não deve se expor -como ser
agressivo nos questionamentos. "Se fizer isso, estará fadado à demissão", avalia.
O indicado, diz, é entrar
em contato com o sindicato
ou o Ministério do Trabalho.
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