São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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SONHO FORMADO

Pesquisa e negócios envolvem biólogos

Especialistas trilham caminhos para garantir sustento e satisfação

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enveredar para a pesquisa ou para a vida acadêmica foi um caminho trilhado por vários dos biólogos formados na turma de 1998 da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Muitos, no entanto, viram suas trajetórias profissionais serem balizadas pelas necessidades financeiras -levando a caminhos nem sempre esperados, porém gratificantes.
A professora Adriana Jaime Sbampato Assad, que leciona biologia e anatomia na Uninove (Universidade Nove de Julho), não conseguiu fazer estágio na área enquanto estava na graduação. Mãe solteira, tinha filha pequena para sustentar.
Mas acabou iniciando a trajetória de docente ainda na faculdade: desde o segundo ano, ganhava cerca de R$ 200 por mês lecionando ciências todas as noites, em um supletivo.
A pressão por um salário melhor levou-a à função de gerente de vendas em um fabricante de cosmético, em que ensinava estratégias de vendas às consultoras. Demitida depois de 11 meses, Assad voltou às aulas.
"Entendi que iria continuar na biologia para o resto da vida e que meu salário de R$ 800 era muito mais agradável de ganhar do que os quase R$ 3.500 que recebia [na empresa de cosmético]", conta.
Ela partiu para o mestrado. Defendeu a dissertação em 2003 e, no ano seguinte, foi contratada pela Uninove.
Sua companheira de turma Sara Arrózio seguiu outra vertente da carreira, unindo a expertise acadêmica na área ao tino comercial, que lhe garante rendimentos na faixa de R$ 7.000 a R$ 8.000 por mês.
Com mestrado em biotecnologia pela Universidade de São Paulo, chegou a trabalhar no Instituto Butantan, mas logo migrou para as vendas de equipamentos para laboratório.
Os microscópios, que eram sua ferramenta de pesquisa, viraram seu ganha-pão. Há seis anos, ela é representante de vendas da Olympus, empresa de tecnologia de precisão que produz desde câmeras digitais até endoscópios ultra-sônicos.
"Jamais imaginei que estaria nessa área, em que o conhecimento de biologia é fundamental, pois precisamos falar a língua dos pesquisadores."

Gosto
Já César dos Santos Pegoraro, 35, o Cesinha, fez uma carreira "verde". O biólogo trabalhou na SOS Mata Atlântica e hoje coordena projetos no ISA (Instituto Sócio-Ambiental) -o principal deles é a despoluição do rio Tietê.
"Faço um trabalho de conscientização entre os moradores de lugares próximos aos córregos que deságuam no rio para que percebam a importância de não poluir os mananciais."
Cesinha diz que não liga para a sua remuneração, que não está entre as mais gordas. "Optei pelo gosto e não pelo bolso", brinca. "Dinheiro nunca é o fim. É a conseqüência do trabalho, da convicção e do comprometimento." (DR)


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