São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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SOBRE DUAS RODAS

Opção pelo veículo como meio de transporte para o trabalho cresce 83% em relação a 1997

Bicicleta é o "carro" de 200 mil paulistanos

Roosevelt Cassio/Folha Imagem
Fabricio Batista briga por um espaço na marginal Pinheiros


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Ir para o trabalho usando a bicicleta como meio de transporte não é algo tão raro -ou exótico- como se pode imaginar. Em São Paulo, mais de 200 mil pessoas usam o veículo com essa finalidade, de acordo com a pesquisa Origem e Destino 2002, divulgada em janeiro pelo Metrô.
O número encontrado na época do levantamento (precisamente 202.483) aponta para um aumento de 83% em relação à última pesquisa, cujos dados são de 1997. Trata-se da segunda maior ampliação na categoria "deslocamentos individuais". O crescimento no uso de bicicletas ficou atrás apenas do de motos, que foi de 143%. O menor deles foi registrado para o uso de carros (19%).
Em números absolutos, porém, as bicicletas ainda estão longe de alcançar o exército de 5,4 milhões de automóveis que levam os paulistanos ao trabalho. Mas a representatividade do número é suficiente para fazer a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente colocar em sua lista de prioridades para o ano a construção de ciclovias.

Ciclovias
A zona leste será a grande beneficiada. O corredor Aricanduva irá ligar São Mateus ao Parque Dom Pedro (região central), e o Anhaia Melo começará em São Mateus e irá passar por Sapopemba e pela Vila Prudente para chegar ao Ipiranga (zona sul).
Há ainda uma terceira ciclovia em estudo, segundo o secretário Adriano Diogo, ligando São Mateus à Penha, com possibilidade de prolongá-la até Guarulhos. "A dificuldade é conseguir dinheiro e ajuda na parte de projetos."
Hoje, o município conta com apenas 6 km de pistas para ciclistas em vias públicas. E mais: são trechos sem ligação entre si. Neles, o que se vê são o abandono e o desconhecimento da população.
Gustavo Vieira, 26, coordenador da campanha Cidades Amigas da Amazônia, do Greenpeace, diz que há pessoas que levam seus cães para passear ou que vão correr no trecho de ciclovia da avenida Sumaré e que chamam sua atenção por pedalar ali.
Sérgio Bianco, coordenador do grupo de trabalho sobre transporte em bicicleta do Instituto de Engenharia, elaborou um projeto nacional submetido ao Ministério das Cidades para a implantação de uma política de estímulo ao uso do veículo. O ministério declarou que o projeto ainda é embrionário, mas que integrar o veículo à malha de transporte público é uma possibilidade.
A existência de um programa de ciclovias é um dos itens verificados por agências financiadoras internacionais antes de emprestarem dinheiro a cidades que desejam investir em infra-estrutura.
"Já deixamos de receber financiamentos por não ter um programa adequado. A verdade é que só nos emprestam dinheiro por pena. É uma vergonha para uma cidade do porte de São Paulo", afirma o secretário Adriano Diogo.
Uma das razões para a proliferação do uso de "magrelas" é o desemprego. Trata-se de um meio de transporte popular nas camadas menos favorecidas, como atestam os bicicletários próximos às estações de trem. Em Mauá, Grande São Paulo, elas chegam a receber 1.700 bicicletas por dia, segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos. (DAYANNE MIKEVIS)


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