São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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Avaliação é que a iniciativa beneficia a saúde e a qualidade de vida dos funcionários

Empresas instalam vestiário e bicicletário

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sinônimo de qualidade de vida. É assim que algumas empresas encaram o fato de seus funcionários optarem por ir trabalhar de bicicleta. Para dar continuidade à idéia, que, em geral, parte dos próprios empregados, elas fazem a sua parte: oferecem estacionamento apropriado e vestiário.
A Perdigão enxerga a novidade com entusiasmo. Segundo Mauro Anacleta Zanchett, 40, supervisor de recursos humanos, é um cuidado com a saúde que vai ao encontro da filosofia da empresa.
"Temos uma academia onde eles se trocam. E a bicicleta, que é um veículo como qualquer outro, tem lugar garantido no estacionamento", diz. O auxiliar administrativo Wagner Vieira, 29, foi o pioneiro, há dois anos. Hoje já são oito as bicicletas estacionadas lá.
Na farmacêutica Roche, além de bicicletário e vestiário, os ciclistas são "presenteados" com café da manhã, com direito a frutas e sanduíches. "Você não precisa ser um atleta, basta se movimentar. Sempre incentivamos a prática de atividades físicas", afirma Rosicler Rodriguez, gerente de responsabilidade social.
Lourival Pereira Xavier, 41, almoxarife especializado da Roche, pedala 15 minutos para ir ao trabalho, deixa a "magrela" no bicicletário e corre mais 40 minutos. Os próximos passos são tomar o café da manhã, correr para o banho e bater o cartão.
"Trabalho 80% do tempo sentado, além de enfrentar a pressão que, hoje em dia, é inerente a qualquer profissão. Depois que pratico esporte, estou pronto para enfrentar o dia", avalia.

Saúde e economia
Em Santa Catarina, Eldon Egon Jung, 62, dono de uma fábrica de fornos, percebeu que parte de seus funcionários pedalava para ir ao trabalho. Resolveu imitá-los.
Em 1997, criou uma associação para incentivar o uso da bicicleta e pressionar o poder público para a construção de ciclovias. Nascia então a ABC (Associação Blumenauense pró-Ciclovias).
Além de pedalar 20 km por dia, Jung criou um estacionamento de bicicletas, vestiário e toda a infra-estrutura necessária. Hoje, 15 de seus 30 funcionários usam a bicicleta para chegar ao trabalho. Isso também graças a um programa implantado na Fornos Jung, no qual a empresa cede uma bicicleta ao funcionário que desejar e, após um ano, se ele continuar usando, ganha o veículo de presente.
Jung afirma que, com a iniciativa, economiza alguns reais em vale-transporte e tem trabalhadores dispostos e com a saúde em dia, o que resulta em menos despesas com o convênio médico.
O analista de sistemas Thiago Barbanti, 28, inovou ao chegar na empresa onde trabalha, o UOL (Universo Online), de bicicleta. A ação teve uma conseqüência positiva: seu chefe não só aprovou a iniciativa como permitiu que ele fosse trabalhar de bermuda. "Valeu a pena. Tenho aversão a carros, mas dirijo desde os 14 anos, por falta de opção", diz ele, que pedala cerca de 30 km por dia.
Para o professor de educação física Antônio Luís de Morais Forjaz, 33, a bicicleta é o instrumento usado para driblar o trânsito desde os tempos de faculdade. Ele estudava na Universidade de São Paulo, onde a irmã trabalhava. No horário de pico, fazia o percurso da USP até Higienópolis com dez minutos de vantagem sobre a irmã, que vinha de carro.

Mão contrária
Quando Denis Bugiemann, 30, acorrentou sua bicicleta pela primeira vez no portão da empresa em que trabalha, o segurança encrencou. O jornalista teve de fazer um pedido formal e, após algumas semanas, o departamento de recursos humanos entrou em contato com ele para dizer que o prédio não possuía infra-estrutura para receber tais veículos.
"Minha resposta foi simples. Disse que precisava apenas de uma autorização para acorrentar a bicicleta em uma grade qualquer." A empresa não teve como recusar o pedido. Agora, Bugiemann decidiu até vender o carro, por se locomover preferencialmente de bicicleta. (DM)


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