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CORRIDA PARA 15.000 VAGAS
Após treinamento, jovens deixam de ser aproveitados
Por decisão própria ou da firma, trainee desiste de rumo "promissor"
MARIANA DESIMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Programas de trainee costumam ser a porta de entrada para uma carreira de sucesso nas
grandes empresas. Em geral, os
jovens são treinados e, no fim
do processo, asseguram um
posto de trabalho privilegiado.
Há casos, contudo, de quem
não conhece esse final feliz:
passa por meses de seleção seguidos de mais um período de
vivência nas companhias para,
depois, não ser aproveitado
-seja por vontade da empresa,
seja por decisão própria.
Um exemplo é G.F., 25, formado em marketing. Ele passou pelo concorrido programa
de uma indústria química.
Ficou cinco meses por lá e, no
final, acabou voltando ao mercado -por decisão da empresa.
"Não dava para saber se eu
estava indo bem ou não. Também prometeram cursos que
não foram dados", desabafa.
A falta de informações sobre
o desempenho do jovem em
treinamento é alvo de críticas.
"O trainee precisa de alguém
que seja capacitado não apenas
para mostrar seus erros", diz
Augusto Costa, diretor da Manpower. "É preciso saber explicar como é possível melhorar."
Para Costa, é importante
também planejar o futuro desses profissionais na empresa
quando o programa termina.
"Oferecer formação adicional é
visto como interesse da companhia em manter e aperfeiçoar
ainda mais o jovem", opina.
À economista A.K., 24, cortada pela empresa após participar de um programa de trainee
na área de auditoria, também
faltou acompanhamento.
"As críticas não eram objetivas. Também não apresentavam alternativas. Eu não sabia
para onde correr", lembra.
Mesmo sem receber elogios,
a profissional diz que acreditava na contratação. "Como todo
mundo tem problemas durante
um processo tão longo, achei
que seria absorvida. Uma pena,
eu queria ter continuado lá."
Como nem sempre querer é
poder, Mariá Giuliese, especialista da Lens & Minarelli em recolocação, pondera a decisão:
"A não-contratação não quer
dizer que esse profissional seja
menos capaz do que outro.
Significa que o que ficou se encaixa melhor no perfil procurado pela empresa no momento".
Vice-versa
É mais raro, mas também
acontece de o jovem identificar
que o perfil da empresa não
combina com o seu. Um exemplo é o do publicitário T.C., 28,
que passou em um processo
concorrido e foi efetivado.
Depois de oito meses, desligou-se da companhia. "Não era
com aquilo que eu queria trabalhar. Recebi uma proposta e
mudei do setor de serviços para
o de bens de consumo", conta.
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