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recursos humanos
Auto-conhecimento deve ser o objetivo do período sabático
Raro no Brasil, benefício premia bom desempenho
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para (muito) poucos e bons.
É como especialistas apontam
a aprovação de período sabático pela empresa a funcionários.
De acordo com consultores
ouvidos pela Folha, o benefício
é hoje um dos mais raros no
mundo corporativo brasileiro.
"Ele é concedido como uma
recompensa a quem trouxe
muitos ganhos para o ambiente
de trabalho e precisa de um
tempo para si", define Thiago
Zanon, consultor da Hewitt.
Embora não seja recorrente
no Brasil, o sabático é prática
comum em outros países. "Nos
Estados Unidos, por exemplo,
profissionais das áreas de criação, mídia, tecnologia e desenvolvimento são os principais
favorecidos", aponta Zanon.
Para os poucos em condições
de usufruir o benefício, pedir o
afastamento não é tarefa fácil.
A diretora de marketing de higiene e limpeza da Unilever,
Priya Pattel, precisou de cinco
meses para tomar a decisão.
"Solicitei um ano para ganhar
meu segundo filho", conta.
Pelo regulamento da empresa, a executiva, por querer ficar
12 meses fora, não teria sua volta garantida nem seria remunerada durante esse período.
"Era um momento importante para estar com a minha
família. Também voltei mais
motivada", justifica Pattel, que
retornou ao trabalho em nove
meses e em cargo superior.
Auto-conhecimento
Motivação. Era exatamente
isso o que Marcelo Ferrari, da
Mercer, buscava ao pedir o
afastamento temporário.
"Precisei de um ano para planejar, mas fiquei satisfeito.
Trouxe novas práticas para a
empresa e voltei feliz", conta.
Após 11 meses entre MBA e
estágio nos Estados Unidos,
Ferrari viajou pelo Canadá.
"Lá, parei para refletir", conta.
Esse momento de reflexão é,
na avaliação de Doraílson Andrade, consultor do Hay Group
Brasil, a essência do sabático.
"As empresas confundem o
benefício com treinamento.
Curso de idioma no exterior e
MBA são aperfeiçoamentos.
Sabático serve para pensar nos
dilemas e no modo de viver."
Seguindo por esse caminho,
o consultor Carlo Sabino, da
DBM, viveu por três meses na
Índia, em 2003. Apesar de ter
"uma conta bancária polpuda e
muitas metas atingidas no currículo", o então executivo considerava-se "vazio por dentro".
"Saí da empresa em que trabalhava para poder me questionar e refletir mais. Viajei para
trabalhar meu auto-conhecimento", comenta Sabino.
Para ele, o período foi fundamental em sua carreira. "Trabalho hoje com um lastro mais
sólido -o coração. Estar alinhado com o que acredito é essencial na minha profissão."
(MARIANA DESIMONE)
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