São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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recursos humanos

Auto-conhecimento deve ser o objetivo do período sabático

Raro no Brasil, benefício premia bom desempenho

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para (muito) poucos e bons. É como especialistas apontam a aprovação de período sabático pela empresa a funcionários.
De acordo com consultores ouvidos pela Folha, o benefício é hoje um dos mais raros no mundo corporativo brasileiro.
"Ele é concedido como uma recompensa a quem trouxe muitos ganhos para o ambiente de trabalho e precisa de um tempo para si", define Thiago Zanon, consultor da Hewitt.
Embora não seja recorrente no Brasil, o sabático é prática comum em outros países. "Nos Estados Unidos, por exemplo, profissionais das áreas de criação, mídia, tecnologia e desenvolvimento são os principais favorecidos", aponta Zanon.
Para os poucos em condições de usufruir o benefício, pedir o afastamento não é tarefa fácil. A diretora de marketing de higiene e limpeza da Unilever, Priya Pattel, precisou de cinco meses para tomar a decisão. "Solicitei um ano para ganhar meu segundo filho", conta.
Pelo regulamento da empresa, a executiva, por querer ficar 12 meses fora, não teria sua volta garantida nem seria remunerada durante esse período.
"Era um momento importante para estar com a minha família. Também voltei mais motivada", justifica Pattel, que retornou ao trabalho em nove meses e em cargo superior.

Auto-conhecimento
Motivação. Era exatamente isso o que Marcelo Ferrari, da Mercer, buscava ao pedir o afastamento temporário.
"Precisei de um ano para planejar, mas fiquei satisfeito. Trouxe novas práticas para a empresa e voltei feliz", conta.
Após 11 meses entre MBA e estágio nos Estados Unidos, Ferrari viajou pelo Canadá. "Lá, parei para refletir", conta.
Esse momento de reflexão é, na avaliação de Doraílson Andrade, consultor do Hay Group Brasil, a essência do sabático.
"As empresas confundem o benefício com treinamento. Curso de idioma no exterior e MBA são aperfeiçoamentos. Sabático serve para pensar nos dilemas e no modo de viver."
Seguindo por esse caminho, o consultor Carlo Sabino, da DBM, viveu por três meses na Índia, em 2003. Apesar de ter "uma conta bancária polpuda e muitas metas atingidas no currículo", o então executivo considerava-se "vazio por dentro".
"Saí da empresa em que trabalhava para poder me questionar e refletir mais. Viajei para trabalhar meu auto-conhecimento", comenta Sabino.
Para ele, o período foi fundamental em sua carreira. "Trabalho hoje com um lastro mais sólido -o coração. Estar alinhado com o que acredito é essencial na minha profissão."
(MARIANA DESIMONE)


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