São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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GUIA DO PRIMEIRO EMPREGO

Empresas cobiçadas fazem listas de faculdades onde consideram que podem achar os melhores estagiários e trainees

Diploma com grife ajuda a começar bem

Raphael Falavigna/Folha Imagem
Gustavo Pontes, do ITA, já conseguiu trabalho por causa da faculdade que frequenta


ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

As grifes do ensino superior ainda abrem as portas para os estágios e as vagas de trainees mais cobiçados. Não é o único jeito de chegar lá -algumas empresas estão mudando-, mas cursar uma faculdade renomada, como a pública USP ou a particular Eaesp-FGV, ajuda muito na hora de obter o primeiro emprego.
Muitos recrutadores não admitem que escolhem pela faculdade, outros têm em suas equipes alunos de escolas não renomadas, mas o quadro de dirigentes, dentro das companhias, quase sempre é composto por ex-universitários de instituições famosas.
A Folha fez um levantamento com 68 grandes empresas, e o resultado é que 66% do primeiro escalão é composto por pessoal proveniente de universidades tidas como de primeira linha ou que frequentou cursos no exterior.
Selecionadores que dão peso à marca do diploma consideram que esses alunos têm boa for- mação cultural e qualidades como espírito de liderança, flexibilidade e raciocínio rápido.
Uma das empresas que selecionam pelo poder de fogo do curso é a Pirelli, segundo o questionário respondido para a Folha. Para a empresa, a experiência demonstra que alunos de universidades conceituadas possuem o perfil indicado para as suas vagas.

Lista seletiva
O diretor de assuntos corporativos da indústria farmacêutica Eli Lilly do Brasil, Devaney Baccarin, concorda. "A bagagem cultural e a tradição da faculdade são itens importantes quando procuramos um candidato para o estágio." Para ter objetividade na busca, a companhia organizou uma lista de nove faculdades, nas quais são caçados os talentos: ESPM, FGV, Instituto Mauá, Mackenzie, Oswaldo Cruz, PUC, Puccamp, Unicamp e USP .
A empresa de planos de saúde Samcil limita sua busca a três faculdades particulares: Universidade de Mogi das Cruzes, Osec e Unisa. "São ótimas instituições. Se abrirmos demais o leque, acabamos não conhecendo a fundo o perfil dos alunos", declara João José Storarri, responsável pela área de desenvolvimento de patrimônio humano e de qualidade.
A exclusão pode acontecer na hora de divulgar as vagas. Algumas empresas colocam cartazes somente em certas faculdades -é o caso da Visa do Brasil.
"A solicitação por uma universidade se dá devido ao perfil do estudante", explica Maria Cecília Loverro, vice-presidente de recursos humanos (RH).
Segundo ela, os alunos das faculdades selecionadas têm a visão do negócio como um todo e conseguem aplicar na prática aquilo que aprendem. "Mas temos gente com todas as formações, pois todos os currículos são enviados para o recrutamento", afirma.
O fundador do Grupo Catho, Thomas Case, diz que a universidade ajuda na triagem. "São toneladas de formandos no mercado, e as empresas têm de selecionar o melhor." Para ele, a vantagem de um aluno da USP, por exemplo, é a dificuldade do vestibular. "É uma peneira por onde passam somente os brilhantes."
Irene Ferreira Azevedo, da KPMG, empresa de RH, reforça. "O nome da escola é 80%. Ingressar nas mais concorridas é difícil. Pressupõe-se que as pessoas estejam mais bem treinadas."


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