São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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Empresas mais cobiçadas do mercado têm programas de trainees que superam 2.000 inscritos por vaga

Seleção é pior que vestibular

Fernando Moraes/Folha Imagem
Sílvia Oliveira, formada em economia pela UFRJ, que conseguiu uma disputada vaga no concurso de trainees da American Express


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Receber boa remuneração, trabalhar no exterior, ser reconhecido pelo mercado, obter treinamento e benefícios de primeira e começar a carreira numa companhia de renome. Essas são algumas das vantagens de ser trainee de grandes empresas.
Para chegar lá, o caminho é árduo: além de passar por uma bateria de provas, entrevistas e dinâmicas de grupo, é preciso enfrentar a concorrência -muito além do vestibular mais disputado.
Em 2001, a empresa campeã na concorrência foi o Grupo Abril, com 2.600 candidatos por vaga. Na Parmalat, havia 1.100 pretendentes a cada cargo. A American Express teve 8.000 inscritos, que competiram por oito lugares, e o Citibank contou com 20 mil currículos para 20 contratações. O curso de medicina na Unesp, o mais concorrido em 2001 entre as três universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp), teve 97,3 candidatos por vaga.
Quem passa no funil é recompensado. Os salários dos trainees nas maiores companhias varia de R$ 2.000 a R$ 3.000.
"Ao longo do processo, percebemos que ficam aqueles que têm conteúdo, não necessariamente os que falam mais na dinâmica", diz Sílvia Mansur de Oliveira, 25, formada em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trainee da American Express.
Ela pôde desenvolver projetos no exterior com apenas seis meses de empresa. "A responsabilidade é grande, mas vemos isso como algo muito positivo, que nos dá visibilidade e oportunidade para aprender", completa.
Segundo Eliana Sabbadini Pierozzi, coordenadora do programa de trainees e estágios da Telesp Celular, "só passa quem é bom de fato". No ano passado, foram 5.500 inscritos para 34 vagas.
Mas as experiências dos iniciantes também têm seu lado desgastante. Em um levantamento feito há dois anos pela Companhia de Talentos com dez grandes empresas, os trainees contaram sobre as falhas nos programas: 31% reclamaram de dificuldades como desorganização e resistência dos profissionais em atendê-los; 27% apontaram promessas não cumpridas; 23% disseram que alguns programas são desestruturados; e 19% sentiram falta de supervisão.

Novas habilidades
Uma das peculiaridades que a maioria das empresas implementou foi a busca por profissionais generalistas. São jovens que, ao final do treinamento, terão compreendido o funcionamento da empresa, pois terão passado por todos os departamentos.
A intenção é fazer com que os iniciantes aprendam sobre as mais diversas atividades.
O engenheiro Eduardo Marques, 23, entrou para o programa da Unilever no ano passado. Depois de passar por várias áreas, atualmente está no departamento de RH. "Só no final do programa seremos alocados para a área final." (ANDREA MIRAMONTES)


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