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Sem critérios, prêmio vira "tiro pela culatra"
DA REDAÇÃO
A tarefa de implementar um
sistema de recompensa aos bons
funcionários é bem mais complicada do que pode parecer. Muito
mais do que estabelecer prêmios
atraentes e distribuí-los, as empresas precisam tomar uma série
de cuidados, sob o risco de ver "o
feitiço virar contra o feiticeiro".
A primeira dificuldade está na
definição dos critérios para o profissional ter direito aos prêmios.
"O processo deve ser transparente, e as metas, objetivas, incluindo
uma análise conjunta entre avaliador e avaliado ao final do ano",
alerta o consultor sênior da Michael Page Rodrigo Forte, 28.
Para Miguel Vizioli, 48, sócio-diretor da consultoria Right Saad
Felipelli, a empresa que não define claramente as regras para a distribuição das recompensas corre
um risco muito grande a longo
prazo. "É um tiro pela culatra."
Um dos motivos é o que o vice-presidente do Grupo Foco João
Canada chama de "síndrome do
vizinho": funcionários não-premiados que ficam desmotivados e
creditam os agrados "à amizade
com o chefe em vez da competência". "Depois fica difícil reverter
se a empresa cai no descrédito."
Para evitar situações como essa,
Betânia Cabral de Mello, gerente
da Condor (fabricantes de escovas), diz que "todas as premiações
devem ser definidas por escrito,
sem dar margem a decepções".
Já no Pão de Açúcar, os vencedores de uma das premiações são
escolhidos pelos próprios funcionários. "Dá mais crédito por ser
uma eleição democrática", comemora a diretora de gestão do Extra Silvia Leão, 40, vencedora pela
segunda vez consecutiva.
Caneta ou carro?
Outra complicação para as
companhias é definir qual a premiação mais adequada para recompensar os profissionais.
O palestrante motivacional Augusto Gomes, 35, aconselha as
empresas a vincularem a gratificação a uma história de sucesso.
"Não importa se é uma caneta de
R$ 20, se mostrar que é o reconhecimento de um valor à empresa,
terá muito mais impacto do que
uma viagem internacional."
Foi baseada nessa percepção
que a Xerox do Brasil reestruturou sua política de recompensa:
das 18 iniciativas que existiam, de
cartas do gerente a viagens, passaram a existir apenas seis.
"Concluímos que estávamos
gastando muito e o empregado
não se sentia reconhecido, pois os
prêmios não eram atrelados ao
resultado do negócio", conta a gerente Raïssa Lumack, 40.
"Outro passo é não deixar a
campanha murchar. Há funcionários que só ficam motivados no
primeiro mês", completa Sandro
Pinto, 36, da Cia de Talentos.
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