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Estresse e depressão são maioria
Doenças somam 9 em cada 10 casos de afastamento por transtorno mental e comportamental
Jornadas excessivas, ambientes competitivos e hostis e pressão por metas estão entre os principais detonadores
DE SÃO PAULO
Doenças relacionadas ao
estresse e ao transtorno de
humor, como episódios depressivos recorrentes, encabeçam a lista de transtornos
mentais e comportamentais
que mais afastaram trabalhadores no ano passado.
Juntas, equivalem a 12.277
auxílios-doença acidentários
nessa categoria -91% dos
concedidos pelo Ministério
da Previdência em 2009.
"São pessoas que não só
adoeceram mas também ficaram incapacitadas [temporariamente] para o trabalho",
diz a coordenadora do grupo
Organizações do Trabalho e
Adoecimento da Fundacentro, ligada ao Ministério do
Trabalho, Maria Maeno.
Mesmo assim, afirma ela,
essa somatória está mascarada. Inclui apenas casos reconhecidos pela perícia do
INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) no mercado.
"Muita gente incapacitada
está trabalhando, na esfera
privada e na pública", diz.
Alguns se escondem com
receio de ser estigmatizados,
esclarece o psiquiatra Kalil
Duailibi. Temem ser demitidos ou ter o salário reduzido,
acrescenta o psiquiatra Ca-tulo César Barros, do Hos-
pital Nove de Julho.
Com medo e sob a pressão
de metas e resultados, de
maior intensidade de trabalho e de ambientes competitivos e hostis, esses profissionais tentam manter o nível
de produtividade elevado.
Estendem a jornada quase
automaticamente, com acesso constante aos e-mails e de
prontidão para telefonemas.
Até o dia em que, como o
publicitário Sérgio de Oliveira, 42, têm taquicardia "toda
vez em que o telefone toca".
Com jornadas diárias que
chegavam a 18 horas, cortou
todas as fontes de lazer. Numa reunião, enquanto apresentava um projeto, cochilou. "Contornei a situação.
Foi a gota d'água para readequar meu estilo de vida",
conta o publicitário, que diminuiu o ritmo de trabalho.
O publicitário Eduardo
Meireles, 23, mudou de emprego em fevereiro para fugir
das jornadas de 12 horas. "Estou com pressão alta. Tenho
de ir a um cardiologista."
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