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BASTIDORES DA RECOLOCAÇÃO
Para Ministério Público, consumidor lesado é todo aquele exposto a práticas irregulares
Denúncias à Justiça incentivam investigação
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O sentimento de impotência
diante do golpe, menos do que o
lamento pelo dinheiro perdido, é
a principal queixa dos consumidores que caem nas armadilhas
da recolocação profissional. O
desconhecimento das formas de
denunciar colabora para que os
golpes continuem acontecendo.
Para defender direitos coletivos
do consumidor e investigar crimes que lesam a sociedade há o
Ministério Público (Promotoria
de Justiça do Consumidor). A investigação pode se dar de duas
formas: por iniciativa própria ou
por provocação das partes, quando o cliente, por exemplo, denuncia o caso ao Ministério Público.
"É importante que haja denúncia para que possamos checar
os fatos. Se constatamos que muitos foram enganados por uma
mesma empresa, pode-se configurar estelionato", diz o coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) das Promotorias de
Justiça do Consumidor, Marco
Antonio Zanellato.
"Os consumidores lesados não
são somente aqueles que de fato
contrataram as empresas, mas todos aqueles que, na busca do emprego, estejam expostos às práticas irregulares", diz o texto do Ministério Público de São Paulo, que
propôs uma ação civil pública
contra a Dow Right e a Alphalaser
em 2003. Os três juízes que avaliaram o processo se manifestaram
favoráveis ao recurso. O voto do
juiz Rizzato Nunes diz que "a prática enganosa era flagrante".
Essa ação requer que as empresas se abstenham de anunciar vagas falsas, de captar clientes de
forma desleal, de anunciar parcerias inexistentes e condena as rés a
indenizar seus clientes.
Consultada pela Folha, a empresa Dow Right informou que
seu departamento jurídico está
viajando. Lucia Dias, do departamento de qualidade da Dow
Right, diz que a empresa "mudou,
implantou um sistema de qualidade e tem clientes recolocados e
satisfeitos". Para o advogado da
Alphalaser, Marco Antonio Sadeck, é dever do Ministério Público investigar, "mas essa ação é um
exagero". E completa: "A Alphalaser está propensa a indenizar
qualquer pessoa que se sentir prejudicada".
Já a Fan Assessoria Profissional
não pôde ser localizada pela Folha para comentar as ações sofridas porque o telefone que consta
em seu registro não é atendido.
Relação de consumo
Para Antonio Zanellato, "como
os contratos são de adesão e não
decorrem de um acordo de vontades, os clientes merecem defesa
pelo código do consumidor. É o
Ministério Público que pode acabar com essa prática abusiva".
"O grande problema do país em
casos de ação civil pública é que as
empresas descumprem a obrigação da liminar porque só serão
punidas depois de julgadas", diz.
Para denunciar casos que ferem
os direitos coletivos, basta enviar
um e-mail para comunicacao@
mp.sp.gov.br.
(AR)
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