Corrida

Dúvidas, medos e algumas respostas

Não é preciso pressa para aprender a correr, desenvolver a musculatura, perder peso, disputar provas

Correr é bom demais. Aquece o coração, desanuvia o espírito, sacode o esqueleto, fortalece, embeleza e faz crescer. O difícil é começar. Não a correr, mas a fazer qualquer atividade física que nos tire do ramerrão, da preguiça em frente à televisão, da rotina do computador, do estresse do trabalho.

O pior é que, depois dos primeiros passos, surgem as dúvidas. Estou correndo certo, não vou me machucar, estou forçando demais?

Uma das perguntas que mais chegam a este colunista é sobre a respiração. Eu não consigo respirar direito, reclama um; fico ofegante demais, sofro de falta de ar, dizem outros.

O truque é não forçar. Uma regra fácil de seguir, recomendada por muitos especialistas, é: corra num ritmo que lhe permita manter uma conversa durante o exercício.

Aliás, é bom ter um parceiro de corridas: um incentiva o outro, há troca de ideias e todos ficam mais seguros.

Para saber mais sobre as incertezas dos debutantes, conversei com alguns treinadores (leia mais no meu blog, agora em novo endereço: http://rodolfolucena.blogfolha.uol.com.br), que revelaram algumas perguntas feitas por candidatos a atleta.

Será que consigo ser corredor? "A corrida é padrão motor do ser humano", responde a técnica Cristina de Carvalho, que afirma: "Retomar esse conceito é resgatar nossa própria natureza, portanto, vale começar a correr em qualquer idade. Bastam três meses de adaptação ao esforço físico para qualquer pessoa descobrir que é capaz".

Lesões, sofrimento e morte também são fantasmas que assombram os debutantes.

O treinador Miguel Sarkis tranquiliza: "Orientamos treinamentos a partir de recomendações médicas e instruímos para que o exercício seja realizado por etapas".

Os mais práticos querem saber de resultados. "Em quanto tempo vou perder a barriga?", desafia o novato. "Depende", responde o bom baiano Gilmário Madureira, devolvendo a questão: "Quanto tempo você levou para criá-la? Você vem cuidando dela com tanto zelo. Para que tanta pressa para tirá-la?".

Brincadeiras à parte, essa me parece a lição principal: não é preciso ter pressa para aprender a correr, para desenvolver a musculatura, perder peso, tornar-se capaz de disputar uma corrida de 5 km ou uma meia maratona.

De certa forma, quem faz essas perguntas já tem em si mesmo a resposta, pois começou, deu o primeiro passo, saiu de sua zona de conforto e enfrentou um desafio.

Na corrida, como na vida, a novidade provoca dúvidas, medo até. Com paciência e caldo de galinha, a gente encontra a resposta no asfalto, um passo depois do outro.