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Terapias

Psicanálise para o corpo

Eutonista defende técnica criada nos anos 50 para aliviar tensões na gestação

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Técnica que busca equilibrar as tensões físicas por meio de "consciência óssea" e estímulos sensoriais, a eutonia é mais fácil de entender na prática do que na teoria.

Essa "psicanálise do corpo", na definição da terapeuta Gabriela Bal, pode ajudar a grávida a ter uma "boa lembrança do parto", diz ela.

Professora do Instituto Sedes Sapientiae e do Instituto Gerda Alexander de Formação em Eutonia, Bal resolveu, depois da própria experiência de ser mãe, aplicar o repertório da eutonia à gestação, quando a mulher enfrenta desconfortos, mudanças posturais e muitas alterações físicas e emocionais.

Há 22 anos ensinando gestantes a conhecer melhor seus corpos, a terapeuta conta aqui como isso acontece.

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Folha - O que distingue a eutonia de outras terapias?

Gabriela Bal - Quem faz eutonia é chamado de aluno, não de paciente. É um processo pedagógico e terapêutico que dá ferramentas para que o corpo funcione com máxima eficiência e mínimo esforço. O eutonista transmite conhecimento através do toque ou conduzindo os movimentos verbalmente. Mas o resultado depende da atenção do aluno.

É como meditação acompanhada, porque traz estado de presença e integração. O toque eutônico leva uma informação de uma posição anatomicamente correta, que alivia tensões, alinha.... É a arte de esculpir a si próprio. A profundidade em relação a outras técnicas tem a ver com a da psicanálise.

Como é essa comparação?

Na psicanálise, o profissional não projeta nada no paciente. A eutonia também não tem expectativas, não tem roteiro determinado. O eutonista dá o tempo necessário para que o aluno descubra seus caminhos. São seguidas fases de desenvolvimento: começa com pele, ossos, espaços internos, contato e movimento.

E a técnica para a gestante?

O primeiro ponto é o bem-estar. Grávida não precisa sentir dor. A eutonia tira a dor nas costas, no nervo ciático. Em contato consigo mesma, a mulher consegue se preparar para um parto consciente. As sensações são intensas no parto e a eutonia prepara a mulher para que desenvolva confiança na capacidade de parir e seja a protagonista.

Mas qual a diferença entre sessão tradicional e a eutonia na gestação?

Há um foco na pelve. É mostrada a biomecânica da pelve, com um boneco simulamos os movimentos que o bebê vai fazer, há uma visualização da gestação e do parto. E há o trabalho corporal, para que a mulher descubra posições mais adequadas, nas quais se sente mais confortável. É físico, mental e emocional.

Que áreas são trabalhadas?

A pelve, o períneo, a articulação sacro-ilíaca, a coluna, os espaços entre as costelas, porque é preciso dar espaço para o bebê. A eutonia ensina a grávida a relaxar e a criar a chance de ter um parto com o mínimo de intervenções, graças à consciência do corpo. Ajuda a liberar articulações e, indiretamente, trabalha a respiração.

Em que momento da gravidez o trabalho começa?

A partir do terceiro mês. É um processo de reconhecimento e aceitação das mudanças corporais. A gravidez é um momento de introspecção. Vivemos em um mundo em que todos só estão voltados para fora. A eutonia vai trabalhar o contato da mãe consigo mesma e o bebê.

E no pós-parto?

Depois de um mês do nascimento o trabalho pode começar. As articulações no pós-parto estão mais flexíveis e, com isso, são conseguidos resultados mais rápidos e eficientes. O foco será a reorganização da postura e da musculatura do períneo e do abdômen. A eutonia ajuda a aliviar dores que surgem pelo hábito de dormir em posição errada ou pela forma de carregar o bebê.

Por que a eutonia é tão cara?

O preço de uma sessão individual se equipara ao de RPG ou fisioterapia [cerca de R$ 200]. Uma opção é fazer sessões em grupo, mais baratas. Dizem que é elitista. Mas o profissional tem um custo grande para a formação, cara e que toma tempo. Mais uma vez, se assemelha à psicanálise: exige investimento pessoal muito grande. A escola Gerda Alexander de Formação Profissional em Eutonia tem um projeto de clínica-escola que deve funcionar no segundo semestre. A intenção é atender quem não tem condições de pagar pela eutonia. Serão sessões com alunos que estão se formando e recém-formados.

Veja informações sobre profissionais e cursos no site www.eutonia.org.br

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