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Outras Ideias

MICHAEL KEPP - mkepp@terra.com.br

Um anúncio simbólico

A declaração de Obama fez com que casais homossexuais e seus filhos se sentissem menos párias

Quando Barack Obama se tornou o primeiro presidente a declarar apoio ao casamento gay eu me lembrei da noite de sua eleição. Os dois momentos moldaram vidas americanas para sempre.

A eleição de Obama permitiu que crianças negras sonhassem sonhos maiores, se imaginassem vivendo na Casa Branca. Acabando com sua ambiguidade em relação ao casamento gay, ele permitiu que casais homossexuais e seus filhos se sentissem menos párias.

O anúncio de Obama teve peso simbólico porque se espera que o presidente dê um exemplo moral e esteja do lado certo da história, embora a maioria dos presidentes americanos seja reprovada nos dois quesitos.

Obama, numa decisão arriscada em um ano eleitoral, realizou os dois. Algum dia os americanos vão se perguntar por que os casais gays os perturbavam tanto.

Mas o gesto de Obama não muda o fato de que só seis Estados americanos reconhecem o casamento gay, 42 Estados o proíbem e as leis federais não o reconhecem.

Assim, alguns casais gays não têm direitos de herança ou de visitação hospitalar, benefícios fiscais e de seguro-saúde. E, segundo uma pesquisa recente, feita pelo Pew Research Center, 43% dos americanos são contra o casamento gay.

Muitos deles veem o homossexualismo como um transtorno mental e ensinam os mesmos valores a seus filhos. Na escola, esses jovens cometem atos de bullying contra colegas gays ou adotados por casais gays. E algumas das vítimas se suicidam.

Dias após o anúncio do presidente, a mídia noticiou que, aos 18 anos, Mitt Romney, o adversário de Obama na eleição de novembro, cortou os cabelos longos de um colega gay enquanto outros estudantes o imobilizavam. Romney, que disse que não se lembrava do incidente, é a favor de uma proibição constitucional federal do casamento gay.

A eleição de Romney seria um dia negro para os casais gays americanos e seus filhos. Ajudaria a homofobia a continuar sendo um dos últimos redutos da discriminação declarada na vida americana.

Tal preconceito existe porque perpetua o mito de que a homossexualidade não é natural. Ser gay não é transtorno. Nem mesmo é preferência. É uma atração irresistível. Por que, se pudesse escolher sua sexualidade, alguém optaria por uma que ofende e intimida tanta gente?

MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 29 anos no Brasil, é autor do livro "Tropeços nos Trópicos - crônicas de um gringo brasileiro" (editora Record); www.michaelkepp.com.br

NA PRÓXIMA SEMANA
Mirian Goldenberg

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