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NA MESA
Órgão sexual entre as orelhas
Reprodução
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Folha de ginseng, que
tem boa fama na China |
TAMAR NORDENBERG - DO FDA
Em busca do sucesso sexual e da fertilidade, até a
Lua -e tudo o que existe debaixo dela- já foi
alardeada como afrodisíaco por diferentes pessoas e sociedades. Um afrodisíaco é um alimento, uma
bebida, droga, perfume ou artefato que, segundo o vendedor, é capaz de despertar ou intensificar o desejo sexual. Uma definição mais ampla do termo inclui os produtos que melhoram o desempenho sexual. A origem
da palavra vem de Afrodite, a deusa grega da beleza e do
amor sexual, e a lista de supostos estimulantes sexuais
inclui desde anchovas a adrenalina, passando por alcaçuz, banha, vieiras, cantáridas e centenas de outros.
Segundo o FDA (Food and Drug Administration, órgão do governo norte-americano responsável pelos alimentos e medicamentos), os supostos efeitos sexuais
dos chamados afrodisíacos baseiam-se no folclore, e
não em fatos. Em 1989 o órgão declarou que não existem provas científicas de que qualquer produto afrodisíaco vendido sem receita médica seja eficaz no tratamento de disfunções sexuais.
As conclusões do FDA se chocam com uma tradição
de 5.000 anos de buscar a melhora do desempenho sexual por meio do uso de plantas, drogas e magia. Apesar
da conclusão do FDA de que os afrodisíacos vendidos
sem receita médica são ineficazes -e, às vezes, até mesmo perigosos-, as pessoas ainda não desistiram da
busca otimista do sucesso sexual induzido por drogas.
Vários princípios ajudam a desmistificar algumas visões culturais sobre os afrodisíacos. Às vezes o motivo
da fama legendária é evidente. Não é difícil imaginar como os órgãos sexuais de animais
como cabras e
coelhos, por
exemplo, conhecidos por sua
grande capacidade de reprodução,
tenham ganho o
status que gozam
em algumas culturas como auxílios ao amor.
Pimentas e outros alimentos picantes são vistos
como afrodisíacos porque seus
efeitos fisiológicos -aceleração
do ritmo cardíaco e, às vezes, transpiração- parecem
com as reações físicas que ocorrem durante o ato sexual. Outros alimentos foram glorificados por seu caráter raro e misterioso. Houve época em que o chocolate
era visto como o maior afrodisíaco existente, mas perdeu essa fama depois de se tornar um produto disponível para a maioria da população.
Muitos povos antigos acreditavam na "lei da semelhança". Por esse raciocínio, um objeto que se parece
com a genitália deveria possuir poderes sexuais. Ginseng e ostras são dois exemplos clássicos.
A palavra ginseng significa raiz homem, e a fama de
afrodisíaco que a planta desfruta provavelmente se deve
à sua semelhança marcante com o corpo humano. Há
séculos o ginseng é considerado revigorante e rejuvenescedor em China, Tibete, Coréia, Indochina e Índia.
A raiz pode exercer ligeiro
efeito estimulante, como
o café. Algumas pesquisas
relatam reação sexual nos
animais tratados com ginseng, mas não há provas
de que essa planta tenha
qualquer efeito sobre a sexualidade humana.
Como se dizia que Afrodite nascera do oceano,
muitos tipos de frutos do
mar têm fama de afrodisíacos. As ostras são especialmente bem cotadas
como estimulantes sexuais. É possível que tenham ganho essa imagem
numa época em que a
contribuição do zinco às
dietas pobres em nutrientes era capaz de
melhorar a saúde geral e, desse modo, aumentar o desejo sexual.
Talvez a busca da
droga milagrosa devesse ser abandonada
em favor de um mecanismo mais fácil e
confiável: o estímulo
erótico de nossa imaginação. Como diz a
sexóloga Ruth Westheimer, "o órgão sexual mais importante
está situado entre
nossas orelhas".
Tamar Nordenberg é advogado do Centro de
Avaliação e Pesquisas de Medicamentos do FDA
(Food and Drug Administration)
Tradução Clara Allain
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