ssssss Folha de S.Paulo - Equilíbrio - 18/05/2000


São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000
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Reposição hormonal,
quem fez e recomenda


Xando P./Folha Imagem
"Sou um entusiasta da reposição hormonal, pareço dez anos mais jovens", Hélbio Palmeira, 60, advogado


Cinco homens contam o que mudou na sua vida sexual depois que começaram a usar hormônio masculino

ÁLVARO LEME - FREE-LANCE PARA A FOLHA


Os homens estão invadindo uma área que até recentemente era restrita às mulheres: da a reposição hormonal. Agora são eles que discutem injeções, adesivos e outros métodos para reequilibrar o nível de hormônio.
Isso não significa que esse tipo de tratamento seja uma novidade. A terapia de reposição hormonal é utilizada no Brasil há 60 anos. Mas nunca houve um momento sociocultural tão propício ao debate sobre a sexualidade dos homens como os anos 90 e o início do século 21.
Um dos motivos por trás dessa discussão é o aumento da longevidade. A expectativa de vida saltou de 40 para 80 anos entre 1920 e 2000. "O homem está vivendo mais e está tendo uma sexualidade muito mais intensa e variada do que no passado", afirma o médico baiano Elsimar Coutinho, especialista em endocrinologia ginecológica, sexologia e andrologia, que usa o método há cerca de 20 anos.
A reposição é indicada para os homens porque, assim como as mulheres, eles também enfrentam problemas hormonais decorrentes do envelhecimento. A andropausa é marcada pela redução nos níveis de testosterona, o hormônio responsável pelo bom funcionamento de grande parte do organismo masculino.
Entre as consequências mais comuns, estão acúmulo maior de gordura abdominal, enfraquecimento da massa óssea e diminuição ou perda do apetite sexual.
A alternativa para combater esses efeitos colaterais é a terapia de reposição de testosterona, que atualmente pode ser feita no Brasil de quatro maneiras. A mais difundida é a injeção de hormônio, que deve ser repetida a cada 21 dias. Existem também os tratamentos por via oral (comprimidos) e via transdérmica (adesivos com hormônio), que devem ser administrados diariamente.
Bastante eficaz, mas menos conhecida, é a aplicação de "pellets", feita pelo médico Elcimar Coutinho. Uma vez por ano, o médico implanta, sob a pele do paciente, uma cápsula de silicone com uma quantidade considerável de hormônio, que é liberado aos poucos. Além desses métodos, em breve deve chegar ao país o "androgel", que pode ser aplicado diretamente na barriga e nos braços.
Mas não basta simplesmente escolher a forma de aplicação do hormônio. A orientação do médico é essencial, pois existem contra-indicações. Por exemplo: homens com histórico de câncer de próstata na família ou que já têm essa doença devem ficar longe da testosterona.
"É fundamental fazer um exame médico completo e um "checkup" da próstata", afirma o andrologista Marcos Paulo de Castro, da Sociedade Brasileira de Andrologia. Os exames incluem toque retal, hemogramas, dosagens da própria testosterona e também de PSA, usada para detectar e monitorar câncer na próstata.
Mesmo com essas exigências prévias, os benefícios da testosterona são tentadores. Ela não só aumenta a massa muscular e combate a osteoporose, como diminui a irritabilidade e aumenta o desejo sexual, razão pela qual é mais conhecida.
Vale lembrar que reposição hormonal não é "coisa de velho" (leia os depoimentos nesta página e na anterior). O momento para iniciar a terapia varia de homem para homem, já que a queda na produção de testosterona, que começa aos 30 anos, é lenta e gradual. Normalmente o tratamento é indicado depois dos 50 anos.
Mas nem todos passam pela andropausa. O urologista Henrique Chvaicer calcula que só 4% dos homens entre 40 e 60 anos e 20% na faixa entre 60 e 80 enfrentam distúrbios desse tipo. "Eu diria que, mais ou menos, 1 em cada 20 homens precisa fazer a reposição hormonal."




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