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foco nele
Best-seller de neuropsiquiatra chega ao Brasil
IARA BIEDERMAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Curar o Stress, a Depressão e a Ansiedade sem Medicamentos nem Psicanálise" (R$ 49, 320 págs., Sá Editora) será lançado neste mês, no Brasil -um best-seller que está há um ano entre os dez mais
vendidos da França. Nele, o neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber
propõe a prática de sete métodos testados e avalizados por pesquisas de centros
acadêmicos e médicos respeitados internacionalmente para combater alguns dos
grandes males do mundo moderno.
Folha - O seu método é destinado apenas
para quem sofre de distúrbios de ansiedade ou de depressão?
David Servan-Schreiber - Ele ajuda a todos, pelo menos para lidar com estresses
naturais da vida.
Folha - Qual o eixo do tratamento proposto?
Servan-Schreiber - Não acredito que
exista um único ponto que leve ao equilíbrio, mas três pontos-chave. Um é estar
em contato com a sua fisiologia e ter um
certo grau de controle sobre ela, ou seja,
estar em contato com seu corpo. Vivemos cada vez mais desconectados dele.
Outro ponto: precisamos conduzir melhor nossos relacionamentos com a família, com as mulheres e com os homens de
nossas vidas e com quem convivemos no
trabalho. Nosso cérebro está ligado para
ser responsável por esses relacionamentos. O terceiro ponto é que não podemos
viver independentes da comunidade. Para sentirmos bem-estar, precisamos nos
sentir conectados com uma comunidade
maior, sentir que contribuímos de alguma forma. Você pode ter uma alimentação perfeita e fazer muito exercício, mas,
se não tem relacionamentos saudáveis e o
que faz em sua comunidade não significa
nada, você não é um ser equilibrado.
Folha - O que fazer para conduzir melhor
os relacionamentos, já que o senhor descarta as terapias verbais?
Servan-Schreiber - No livro, eu dou os
fundamentos, parecem até regras simples demais. Acho que é mais importante
aprender e começar a praticar essas regras do que ficar focado no complexo de
Édipo ou tentar descobrir significados
ocultos nos relacionamentos. É simples,
mas não tão fácil. É como o judô: você
tem de praticar para ficar bom e leva toda
uma vida para você ficar realmente bom.
Folha - O senhor pratica os seus métodos?
Servan-Schreiber - Claro. Acordo toda
manhã com o simulador de aurora [aparelho que simula o nascer do sol] e pratico coerência cardíaca [exercícios de respiração] por cinco minutos. Antes do café, eu corro. E, para garantir exercícios todos os dias, não ando de carro. Faço tudo
com minha bicicleta. Durante o dia, tenho muito trabalho, mas tento ficar conectado, centrado. Cada vez que sinto o
estresse se aproximar, pratico um pouco
de coerência cardíaca. E, nos relacionamentos profissionais e pessoais, tento
usar os princípios em que acredito. Faço
acupuntura uma vez por mês para algum
sintoma como dor muscular. Finalmente, há meu envolvimento com a comunidade, participo de uma renovação da medicina no mundo ocidental e isso me
mantém em contato com outras pessoas
que estão trabalhando nessa direção. Antes de dormir, tomo um suplemento de
ômega 3 e pratico coerência cardíaca por
20 minutos. Eu também me divirto. O
que mais gosto na vida é estar com outras
pessoas. Jogo cartas, vou jantar com
meus amigos e minha família, cozinho
com eles, é o que gosto de fazer. Também
gosto de fazer amor, como todo mundo.
Essas técnicas que ensino são uma maneira de estar o mais disponível possível
para os prazeres da vida. Elas não são os
prazeres em si mesmas, é claro.
Folha - O ideal é adotar os sete métodos
descritos no livro conjuntamente?
Servan-Schreiber - Absolutamente. É
importante que cada pessoa encontre
aquilo que melhor se encaixe em sua vida. Nem todos precisam de acupuntura.
E nem todos vão fazer exercício. Mas há
coisas que podem ser incorporadas às
suas vidas e, quanto mais forem praticadas, mais rápido as pessoas sentirão os
efeitos. Há várias formas de alcançar os
três pontos-chave de que falamos. Estar
em contato com o próprio corpo, por
exemplo, é algo que você pode fazer com
a respiração profunda, com o exercício,
com a alimentação. Comer de uma forma diferente, prestar atenção ao que você come, é uma maneira de estar conectado com o corpo. Os três pontos são conexão com o corpo, com as pessoas que
amamos e com a comunidade. Para alguns, há um quarto ponto, do qual não
falei muito em meu livro, que é a conexão
com a espiritualidade.
Folha - Por que não falou?
Servan-Schreiber - É algo muito pessoal
e que deve ser protegido por cada um. É
como a chama de uma vela no vento,
muito frágil, todos precisam protegê-la e
fazê-la crescer. Aos meus pacientes pergunto se a vida espiritual é importante
para eles e, se for, encorajo-os a desenvolvê-la, mas nunca imporia isso para
quem não acha a questão importante.
Folha - O que o senhor encoraja nesses
casos?
Servan-Schreiber - No mínimo, você
tem de ter uma forte ligação com a comunidade, é o que substitui a espiritualidade para muitos de nós hoje. Você não
pode viver só para o seu corpo e para os
seus filhos ou para a sua namorada. Tem
de haver algo além, um significado maior
para a vida.
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