São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010 |
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Discutindo a relação Casais tentam salvar seus relacionamentos lavando roupa suja na presença de um estranho qualificado
RACHEL BOTELHO DE SÃO PAULO A terapia de casal não é apenas uma tábua de salvação para relacionamentos à beira do naufrágio. Fases mais delicadas do casamento, como o nascimento do primeiro filho, já são motivo para que muitos casais compartilhem o divã. "Para pessoas de origens diferentes, se deparar com o desejo do outro é uma situação crítica. Com o nascimento de um filho, essas coisas se acirram. E há também a necessidade de adaptação na sexualidade", diz a terapeuta Tai Castilho, fundadora do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo. A saída dos filhos de casa e a mudança de papéis que isso implica é outra situação que leva os casais a procurar ajuda. Para as mulheres, que são as que mais tomam a iniciativa, a falta de vontade de transar é um dos principais motivos, segundo a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, autora de "A Cama na Varanda" (ed. Best Seller, R$ 44,90). Sem falar nas "emergências", como traições ou situações de luto e depressão. "E tem gente que procura um terapeuta para se separar", diz o psicólogo da USP Ailton Amélio da Silva, autor de "Para Viver um Grande Amor" (ed. Gente, R$ 32,90). Nesses casos, o encontro pode ser útil para trabalhar mágoas e a sensação de fracasso. "Mesmo que se separem, a terapia é muito importante, principalmente se têm filhos. O que faz as crianças sofrerem é a incompetência dos pais na separação", afirma Navarro Lins. E FUNCIONA? Desacreditada por alguns, a terapia de casal funciona, sim. Ao menos é o que mostra a maior pesquisa clínica já feita sobre o tema. Psicólogos da Universidade da Califórnia, nos EUA, atenderam 134 casais em crise profunda durante um ano. Depois de 26 sessões, dois terços dos relacionamentos ficaram bem melhores. Cinco anos após o fim do tratamento, metade dos casais estava melhor do que antes, 25% se separaram e 25% seguiram sem mudanças. A terapia não faz milagres nem serve para evitar a separação a todo custo. Nas grandes crises, o primeiro objetivo é ajudar o casal a decidir que caminho seguir. Se a separação for a melhor saída, o terapeuta ajuda a reduzir os danos. "Sou sempre favorável a tentar, mas não é o papel do psicólogo decidir quem tem razão. Nosso papel é mais de parteiro, de ajudar a realizar aquilo que está dentro das pessoas, que é compatível com os valores e objetivos de cada um", afirma Silva. Para Tai Castilho, o profissional funciona como se fosse um tradutor, que ajuda os dois a se comunicar. Apesar das vantagens da terapia de casal, há situações em que o atendimento individual é mais indicado. "Coisas estruturais de cada um têm que ser tratadas separadamente. Gente que tem baixa autoestima, que é muito ciumenta, por exemplo", diz Silva. Em média, o atendimento dura de três meses a um ano. Texto Anterior: Novo: Sentiu firmeza? Próximo Texto: Como nossos pais Índice |
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