São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010
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COMO NOSSOS PAIS

'A gente entrava, brigava e saía mais leve'

O Carlos passou em um concurso e mudamos de cidade. Eu tinha 17 anos. Casei aos 18 e depois de dez meses começamos a terapia, porque ou a gente fazia alguma coisa ou se separava.
Tivemos uma criação muito diferente: eu tinha tudo o que queria, o Carlos começou a trabalhar aos 14 anos. Começamos a brigar e não conseguíamos conversar.
Sem conhecer ninguém, o máximo que eu fazia era ir até a esquina. Ele passava o dia todo fora. Éramos muito imaturos: se ele chegava dez minutos mais tarde, a discussão durava a noite toda.
Na terapia, eu falava mais, mas ele me surpreendeu. Em casa, era curto e grosso, e na terapia conseguia desenvolver bem por que fez aquilo, por que deu briga.
A gente entrava, brigava e saía mais leve. Durou um ano e meio e só paramos porque o Pedro nasceu. Se não fosse a terapia, a gente não estaria mais junto.
Karina, 22

'Os dois ficavam em silêncio; foi complicado'

Casamos em 2005. Quando fomos morar juntos, apareceram diferenças que não víamos na época de namoro. A gente brigava por motivos bobos e nunca chegava a uma solução.
Quando não suportávamos mais, a Karina falou para fazermos terapia e eu topei. Os dois ficavam meio em silêncio, aí a psicóloga perguntava como havia sido o dia e, no meio da sessão, começava a briga. Foi complicado.
Com o tempo, fomos contando os casos, ela perguntava da relação dos nossos pais e entendemos que havia coisas em nós que precisavam ser resolvidas.
A solução foi conhecer as nossas diferenças, o que tínhamos de ruim que prejudicava a relação. Os nossos problemas eram coisa de criança. A gente espelhava comportamentos dos pais.
Ficamos mais calmos, conseguimos um diálogo. Como pessoas, melhoramos muito. Não imagino como seria sem a terapia.
CARLOS,29


Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados


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