São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2001
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coluna social

Fotógrafa faz "retrato social" de mulheres

ELKA ANDRELO E ADRIANA DA GLÓRIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com sua câmera, a fotógrafa Evelyn Ruman ajuda a recuperar a auto-estima de mulheres internadas em instituições. Ela clica meninas de centros de reabilitação, crianças com síndrome de Down, mulheres internadas em manicômios e pede a elas, depois de revelar as fotos, que desenhem e pintem sobre a imagem delas nas fotos. A convite da "Coluna Social", Evelyn levou o "retrato social" para as mulheres da instituição Pró Mulher Família e Cidadania, em São Paulo.

   

Há 24 anos, a Pró Mulher dá atendimento psicossocial e jurídico a mulheres sem recursos financeiros, vítimas de maus-tratos domésticos. No início, só mulheres eram aceitas. Com o tempo, para trabalhar melhor a violência familiar, a instituição abriu a casa também para pais e filhos.
   

A idéia é resolver os problemas sem conflitos e garantir que a criança continue tendo uma mãe e um pai, mesmo se eles estiverem separados. "Muitas vezes, a violência doméstica é usada como forma para educar e transmitida de geração para geração. É um problema da sociedade, considerando-se que está ligada à violência urbana", explicou a psicóloga Regiandréa Vicente.
   

As modelos estreantes capricharam na pose e saíram bem nas fotos. Com canetinhas coloridas, purpurina, pincéis e tintas, elas pintaram seus retratos. "Primeiro elas se reconhecem, associam uma cor à autopercepção e depois transformam suas imagens positivamente com a pintura", disse a fotógrafa.
   

O que parece ser brincadeira já tirou mulheres em depressão da cama. "Essas instituições homogeneízam as pessoas. Desde o início do meu trabalho, há 14 anos, percebi que a auto-estima era um instrumento de reabilitação e que, ao serem fotografadas, as pessoas passavam a se preocupar com sua imagem", disse Evelyn.
   

Depois que todas pintaram suas fotos, Evelyn pediu que avaliassem os retratos. "Estou me sentindo bem depois de pintar o retrato. Eu mesma não me valorizava. Descobri que eu ainda existo", disse M. "A gente se enxerga de uma maneira diferente. Vê como gostaria de ser, e fica mais fácil mudar depois. Pintar e mudar a minha imagem na foto me fez perceber que posso mudar a mim mesma", afirmou J.
Por normas de segurança, as internas da instituição não podem revelar seus nomes.


Pró Mulher Família e Cidadania: tel. 0/ xx/11/3812-4888. No dia 8/8, a fotógrafa Evelyn Ruman vai promover uma oficina sobre seu trabalho no Sesc Pompéia, em São Paulo. Mais informações pelo tel. 0/ xx/11/3022-8896. A "Coluna Social" leva toda semana uma personalidade para colaborar com um projeto social.



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