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Cirurgia em São Paulo entrou para a história
A ansiedade deu lugar ao desespero
quando a ultra-sonografia, que ia apenas
determinar o sexo do bebê, apontou a
ocorrência de meningomielocele no feto,
no quarto mês de gestação. "O médico
pediu mais uma série de exames, mas já
adiantou que a doença era grave e que o
bebê tinha poucas chances de ser saudável", lembra a mãe, a funcionária doméstica Edinei de Jesus Santos, 26. "Entrei em
depressão, não fui mais trabalhar. Fiquei
sem saber o que fazer", diz ela.
A meningomielocele é uma má-formação caracterizada pela não-conclusão do
fechamento da coluna vertebral do feto,
provocada, em geral, por deficiência alimentar. A principal consequência é o
acúmulo de água no cérebro (hidroencefalia), o que causa diversos distúrbios no
sistema nervoso. Até o caso do bebê de
Edinei dos Santos, o único tratamento
possível no Brasil era colocar uma espécie de dreno na cabeça do bebê.
O pai, o soldador Joatan Miranda, 35,
porém, ficou sabendo na empresa onde
trabalha que havia uma equipe da Unifesp estudando a doença. Resolveu levar
a mulher ao Hospital São Paulo. "Já estava quase perdendo as esperanças, mas,
quando o médico falou da nova cirurgia,
tomei coragem de novo", diz a mãe.
A cirurgia, realizada no fim de agosto,
entrou para a história brasileira como a
primeira a ter sucesso ao tratar de um feto por meio de uma grande incisão no abdômen da mãe. O útero é exteriorizado
para que o bebê seja operado a céu aberto, nome que batiza a técnica no Brasil.
As equipes do obstetra Antonio Fernandes Moron e do neurocirurgião Sérgio
Cavalheiro concluíram o procedimento
em 18 minutos.
Raquel de Jesus Leal nasceu há um mês
e está se recuperando bem no Centro de
Terapia Semi-Intensiva do hospital. "Os
médicos disseram que as chances de ela
ser uma criança normal são de mais de
90%", comemora a mãe.
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