São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010
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Família

Lá e cá

Como se organizam as famílias em que pais separados dividem de maneira equilibrada o tempo com os filhos

RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para uma parcela crescente de filhos de casais separados, faz parte da rotina acordar na casa do pai e dormir na casa da mãe (ou vice-versa). Essa situação ganhou mais força em 2008 com a aprovação de uma lei que determina que, quando não há acordo sobre a guarda do filho, a guarda compartilhada pode ser aplicada. Segundo profissionais e associações de pais ouvidos pela Folha, a tendência é que a divisão da guarda se torne a regra também na prática.
Embora a guarda compartilhada não envolva, obrigatoriamente, uma divisão equilibrada do tempo de convívio da criança com o pai e a mãe, ela facilita essa situação porque ambos passam a ser igualmente responsáveis pelos filhos. "Compartilhar a guarda é compartilhar também as decisões sobre a vida da criança: onde ela vai estudar, que esporte vai fazer, como vai ser gasto o dinheiro", diz Analdino Paulino, presidente da Apase (Associação de Pais e Mães Separados).
Casais em litígio ainda têm dificuldade para obter esse tipo de acordo, assim como aqueles que moram em cidades diferentes, mas, segundo pais e profissionais, essas são situações em que ela se faz mais necessária. "Se o casal se entende, nem precisa ter a guarda compartilhada no papel. Já a mãe que tem a intenção de afastar o pai da criança toma todas as decisões sozinha", diz a terapeuta familiar Roberta Palermo.
A advogada Sandra Regina Vilela, especialista em direito de família, diz que, se os pais brigam por tudo, compartilhar a guarda é "impossível". Mas algumas vezes, o conflito pode ser mitigado. Segundo ela, é uma realidade recente os pais quererem conviver com os filhos e participar de decisões sobre suas vidas. "Eles não aceitam mais o papel de provedor e só. Mas as mulheres resistem à guarda compartilhada no papel. Para elas, é como abrir mão de algo próprio da mulher", diz.
Para Palermo, muitos pais nem pensam em ter a guarda do filho, assim como vários juízes resistem a entregá-la ao pai, mas é hora de mudar isso.

Tem as grandes decisões, sobre escola e saúde, e as pequenas. A mãe não vai autorizar uma viagem sem me consultar, mas, para dormir na casa de uma amiga, eu não preciso necessariamente saber.
ALEXANDRE BORGES, pai de Giulia, 7



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