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[+]CORRIDA
Rodolfo Lucena
Suor e cerveja
Para o bem e para o
mal, a cerveja apareceu no noticiário,
em tempos recentes, vinculada ao mundo da
saúde ou da prática esportiva. Informações vindas da
Espanha dão conta de pesquisas que indicam o efeito
benéfico da bebida na prevenção da osteoporose. Em
contrapartida, profissionais
do mundo das corridas alertam contra as maléficas consequências da combinação
de álcool e esporte.
Para tentar resolver tal
pendenga, ainda mais que há
pelo mundo afora maratonas
que se embricam com a bebericagem, consultei alguns
especialistas.
Sobre o benefício para os
ossos, ouvi o ortopedista
Wagner Castropil, ex-judoca
olímpico e veterano consertador de joelhos e ombros de
atletas. Com bom humor, ele
responde: "Muito a contragosto, não posso recomendar
a cerveja como suplemento
alimentar. Não há nenhuma
evidência científica para indicar a cerveja como suplementação de silício".
Tudo bem, mas, depois de
uma corridinha, aquela gelada é de lei, certo? Reidrata o
organismo e ainda dá uma
calibrada nos carboidratos,
tão necessários à recuperação do atleta.
Nã-na-nina. A nutricionista Cynthia Antonaccio, responsável pela orientação nutricional dos alunos da academia Competition, descarta a ideia: "O álcool é diurético e favorece a eliminação de
líquidos. Em um organismo
que acabou de eliminar muito líquido pelo suor e que,
portanto, precisa de reposição, bebidas alcoólicas não
são recomendadas".
Há ainda outro problema:
o álcool "utiliza" glicose para
ser metabolizado. "Com isso,
ele desvia o caminho natural
do tal carboidrato que deveria ser utilizado como reposição muscular."
Algum efeito benéfico deve ter. Não se fala dos benefícios do vinho para o coração?
Pois o cardiologista Nabil
Ghorayeb recomenda: "Dois
copos de suco de uva têm os
mesmos efeitos benéficos".
O problema, alerta ele, é que,
por conta dos benefícios, as
pessoas aumentaram o consumo diário de vinho. "Isso
está produzindo um aumento de 32% de alcoolismo entre cardiopatas."
Para completar, a psicóloga do esporte Carla Di Pierro
diz: "A cerveja funciona como um estímulo relaxante e
desacelerador para o cérebro. Diminui a censura, o raciocínio, a coordenação. Portanto, pode ser prejudicial se
o objetivo for a performance". Mas há aspectos positivos: "Temos visto iniciativas
(Drink and Run) cujo objetivo parece ser relaxamento,
descontração e diversão".
Ou seja, corra para se divertir, beba para descontrair.
Misturar as duas coisas nem
sempre dá certo -mas pode
dar. Com cautela, moderação
e caldo de galinha.
RODOLFO LUCENA , 53, é editor de Informática da Folha, ultramaratonista e autor de
"Maratonando: Desafios e Descobertas nos
Cinco Continentes" (ed. Record) e de "+Corrida" (Publifolha)
rodolfolucena.folha@uol.com.br
maiscorrida.folha.com.br
CARREGANDO ENGRADADOS
Alheios aos debates sobre saúde e desempenho, uma turma de amigos organiza em Jaú (SP) a Corrida da Cerveja (leia mais no blog). Deve ser realizada neste mês, mas a data ainda é incerta. A regra é clara: "São formadas equipes de quatro ou dois amigos. Cada equipe deve percorrer um trajeto de cerca de 2 km, andando, carregando um engradado e tomando as cervejas de modo a cruzar a linha de chegada com suas garrafas vazias".
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