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RECUPERANDO AS FUNÇÕES
Conheça algumas das técnicas mais usadas na recuperação
de pessoas com AVC
1 - Fisioterapia
É o tratamento mais conhecido para as sequelas motoras do AVC. Com ou sem o
auxílio de apetrechos como bolas, o profissional trabalha com exercícios para
melhorar rigidez, paralisia e outros problemas comuns.
Caso a pessoa sinta dor (muito comum no ombro, por exemplo), podem ser
usadas técnicas de analgesia, como tens (estimulação elétrica nervosa
transcutânea), um tipo de eletroterapia.
Nessa mesma linha, são utilizados outros tipos de corrente para auxiliar na
realização dos movimentos ou para fortalecer os músculos.
Alguns fisioterapeutas trabalham com o biofeedback, que usa um computador e
eletrodos para ajudar no reaprendizado motor.
2 - Hidroterapia
A água, aquecida a cerca de 30ºC, provoca um relaxamento muscular que ajuda a
soltar a rigidez típica das sequelas de AVC. Mas o que mais ajuda a desenvolver o
potencial motor é a falta de gravidade -o peso corporal fica reduzido em 50% e é
possível trabalhar movimentos que o paciente não consegue fora da água.
A falta de impacto reduz o risco de lesões e o peso trazido pela água cria uma
barreira que aumenta a força feita no exercício, tonificando os músculos.
Não substitui a fisioterapia convencional, mas é um bom complemento a ela. "A
sensação de liberdade ajuda na realização dos movimentos. E tudo o que é feito
na piscina auxilia na independência fora da água", diz Carla Nardelli, fisioterapeuta
da Water Fisio.
3 - Musicoterapia e teatro
Pouco difundidas, essas modalidades podem ajudar na reabilitação de
movimentos e da fala -e, de quebra, melhoram a autoestima, abalada por causa
da doença.
Therezinha Jardim, chefe do setor de musicoterapia da ABBR (Associação
Brasileira Beneficente de Reabilitação),
no Rio, explica que, com a música,
os pacientes executam movimentos de forma mais prazerosa e menos repetitiva
do que no trabalho de reabilitação convencional.
"A prioridade é a parte emocional, mas a musicoterapia ajuda na parte motora
também. Eles se movimentam naturalmente: mexem a mão, o pé, o corpo,
começam a cantar."
Instrumentos musicais também ajudam a treinar os movimentos, e o canto auxilia
pessoas que sofrem com problemas na fala.
De fato, um novo estudo apresentado no encontro da Associação Americana para
o Avanço da Ciência sugere que alguns pacientes que não se expressam
verbalmente conseguem se comunicar por meio do canto, que pode, por isso, ser
uma ferramenta de reabilitação. Isso provavelmente ocorre porque a música é
processada no lado do cérebro oposto ao da linguagem.
Outra ferramenta que pode ajudar pessoas com sequelas na fala é o teatro. Em
São Paulo, existe um grupo voltado só para afásicos -quem perde a linguagem-
, o Ser em Cena. Baseado em uma experiência canadense, ele já inspirou um
projeto parecido em Portugal.
Segundo Saliba Filho, diretor teatral da organização, as repetições usadas no
teatro ajudam no reaprendizado da fala. Entre as ferramentas usadas,
o grupo utiliza também o canto.
A maioria dos participantes sofreu um AVC.
4 - Terapia ocupacional
Essa modalidade de reabilitação lida com a recuperação das funções do dia a dia
perdidas após o derrame. É o terapeuta ocupacional que vai ajudar o paciente a
retomar atividades como comer sozinho, trocar-se, tomar banho, cozinhar e lavar
roupa.
"Ele vai criando, com o paciente, adaptações para que ele consiga retomar a
independência. Enquanto o fisioterapeuta trabalha basicamente com atividades
motoras, o terapeuta ocupacional lida com função", diferencia Cristiane de
Almeida, do hospital Albert Einstein.
É esse profissional também que confecciona objetos adaptados para ajudar na
vida prática do paciente, como talheres que a pessoa com dificuldades motoras
consiga segurar na hora de comer.
5 - Tratamento psicoterapêutico ou psiquiátrico
Não é de se estranhar que o AVC, com as frequentes limitações que traz, tenha
forte impacto emocional no paciente. Mas novos estudos mostram que esses
problemas também podem ser decorrentes de fatores biológicos.
"Uma pesquisa europeia revelou que muitos pacientes de AVC, mesmo tendo se
recuperado das principais sequelas, tinham depressão, terror noturno e
insegurança de voltar ao trabalho", afirma Mirto Prandini, da Unifesp. Estatísticas
de países desenvolvidos mostram que 45% dos pacientes têm depressão grave
após o AVC.
Essa sequela psicológica comumente demora a ser detectada, mas o tratamento
-pelo psicólogo ou psiquiatra, quando necessário- é fundamental para o bem-
estar e até para o sucesso da reabilitação física da pessoa.
6 - Fonoaudiologia
Trabalha distúrbios de fala, comunicação e deglutição, comuns em quem sofreu
um derrame. A atuação do fonoaudiólogo começa na UTI, com testes que medem
o grau de consciência e comunicação que o paciente tem e medidas para auxiliar
na deglutição, caso haja esse problema.
Se ele não consegue falar, são estabelecidos sistemas alternativos -como piscar
o olho ou levantar a mão para expressar sim ou não. "Isso diminui a angústia pela
falta de comunicação", diz a fonoaudióloga Ana Paula Mac Kay, vice-diretora do
curso de fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo.
No dia a dia, o profissional faz exercícios com o paciente e o ajuda a reorganizar
sua fala. O tempo de recuperação depende do grau da sequela e de cada
paciente. "Quanto mais conhecimento a pessoa tinha antes do AVC, mais reserva
cognitiva ela tem para a linguagem e melhor
é a recuperação."
7 - Botox
Mais conhecida por seu uso estético, a toxina botulínica tipo A também é indicada
para o alívio de uma sequela comum de AVC: a espasticidade (tônus muscular
aumentado que faz com que os músculos permaneçam continuamente contraídos,
principalmente os flexores do braço e os extensores da perna). O problema,
inclusive, dificulta a fisioterapia, que fica mais fácil após o uso da toxina.
O botox tem efeito porque bloqueia, na superfície da fibra muscular, o estímulo
nervoso que dá o comando para a contração exagerada do músculo. "Ele não atua
na causa do problema, mas traz alívio por atuar no receptor, impedindo que a
mensagem de contração chegue ao músculo", diz Cristiane de Almeida, do
Einstein.
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