São Paulo, quinta-feira, 04 de setembro de 2008
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ALIMENTAÇÃO

Questão de doçura

Novos adoçantes dietéticos chegam ao mercado no país; saiba quando é válido substituir o açúcar por esses e outros produtos disponíveis

Eduardo Knapp/Folha Imagem


JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL


[!] NEM AÇÚCAR NEM ADOÇANTE
A FRUTOSE, um tipo de açúcar extraído de FRUTAS, tem as mesmas calorias da sacarose e pode intereferir no METABOLISMO de DIABÉTICOS, desregulando os níveis GLICÊMICOS. Tem poder adoçante menor e deve ser usado em MAIOR QUANTIDADE


Sem açúcar não se compreende o homem do nordeste, escreveu o sociólogo Gilberto Freyre, em constatação que pode ser ampliada para todo o país. Entre pudins, bolos, compotas e outras quitandas, o principal produto da cana desbancou há 500 anos, permanentemente, o posto do mel como principal adoçante.
Em exagero. "O brasileiro precisa reduzir um terço da quantidade de açúcar", diz a nutricionista Mariana Del Bosco Rodrigues, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Parte das pessoas consegue abrir mão do açúcar -mas a maioria não dispensa o sabor doce. O resultado é o consumo de produtos diet e light, que subiu 17% de 2006 para 2007, segundo a Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e Para Fins Especiais).
Para diminuir a culpa, surgem adoçantes cada vez mais próximos ao sabor do açúcar, como a sucralose. No fim de 2007, duas redes britânicas de supermercado substituíram o aspartame de suas linhas light e diet, sob a alegação de que melhorariam o sabor.
Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberou a utilização de três novos edulcorantes: o neotame, a taumatina e o eritritol.
As vantagens dos dois primeiros, segundo especialistas, é o enorme poder edulcorante -o neotame chega a adoçar 13 mil vezes mais do que o açúcar. "A dosagem máxima permitida sempre aumenta em produtos novos, já que há mais tecnologia empregada em seu desenvolvimento", completa Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Abiad. Produtos com neotame e eritritol têm lançamentos previstos para o final de 2008 e o início de 2009. A taumatina passou a compor, no último mês, adoçante de mesa, mistura para bolo e açúcar light.
Respeitando os limites de consumo diário recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o uso de adoçantes não traz riscos à saúde em nenhuma faixa etária, nem mesmo a gestantes ou crianças. "A grávida não precisa introduzir o produto quando está com a sensibilidade mais aguçada, mas, se já usa, pode continuar", explica Gisele Rossi, nutricionista do Departamento de Nutrição e Metabologia da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Ainda assim, indica-se um rodízio de adoçantes, para diminuir a chance de atingir os limites. A idéia é ter, por exemplo, uma marca em casa e outra no trabalho ou alternar as marcas a cada compra. "A variação de edulcorantes ocorre naturalmente, pois come-se fora de casa", lembra Maria Cecília Figueiredo Toledo, engenheira de alimentos da Universidade Estadual de Campinas.
O mais importante, segundo os especialistas, é diagnosticar quando a substituição de açúcar por adoçante será significativa. Se o problema são os vários cafés adoçados ou o excesso de latinhas de refrigerante, trocá-los por versões sem açúcar ajuda a diminuir a ingestão de calorias -mas nada disso muda a qualidade da alimentação. Substituir as guloseimas das crianças, por exemplo, por versões dietéticas não vai ensiná-las a se alimentar melhor. "O problema é que muita gente entende que usar adoçante ajuda a minimizar os danos da má alimentação", diz Rossi.

Açúcar de verdade
Mesmo com tantas recém-lançadas opções "zero caloria", é possível consumir, com açúcar, 10% das calorias diárias sem ameaçar a saúde nem a balança. A conta é simples: se o aporte diário é de 1.800 calorias, 180 delas podem vir da sacarose (açúcar refinado, mascavo, mel ou industrializados). Como cada grama tem quatro calorias, esse valor equivale a 45 gramas, ou três colheres de sopa do açúcar refinado. Os diabéticos também podem contabilizar esses ingredientes -nesse caso, são 5% do total.
Deve-se saber que nem sempre trocar o açúcar traz vantagens a pessoas saudáveis ou diabéticas (leia detalhes na pág. 8), já que os níveis de carboidratos totais podem permanecer inalterados, assim como a quantidade de calorias.


Texto Anterior: "O medo era sentir em casa o odor de caminhão de lixo"
Próximo Texto: Açucarado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.