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Ceticismo e fé
Quando soube que dois padres
iriam participar da viagem, a médica
Fernanda da Silva Roque, 30, pensou: "Meu Deus, isso vai ser muito
chato, o pessoal vai ficar rezando o
tempo todo!" Mas como a idéia era
comemorar o aniversário de 88 anos
de sua avó, católica fervorosa, Fernanda criou coragem e embarcou, em
setembro de 2003, em um roteiro "religioso" para Fátima, em Portugal,
Santiago de Compostela, na Espanha,
e Roma, Cássia e Assis, na Itália.
Ela não estava errada quanto às orações: terços e mais terços foram rezados durante a viagem. "Como médica, sempre tive um certo ceticismo.
Mas quando você conhece esses lugares, não há como pensar nisso. Ver
tantas pessoas de lugares diferentes,
rezando juntas, faz a gente ver que
Deus existe mesmo", conta.
Como cirurgiã de traumas de um
hospital em Belo Horizonte (MG),
Fernanda depara-se todo dia com vítimas de acidentes, assaltos, brigas.
"Minha fé é testada diariamente".
Mas a viagem trouxe transformações.
"Passei a ter mais tranqüilidade, mais
paz interior, o que me ajudou a encarar essas dificuldades. Essa viagem me
fez perceber que meu crescimento espiritual depende daquilo que eu faço
na prática, do que eu realmente posso
fazer pelo outro."
Se antes ela ia à igreja esporadicamente, depois da viagem passou a ir
quase todos os domingos. "Quando
estou de plantão e não posso ir, tento
dar pelo menos uma "passadinha" durante a semana", conta. Não que Fernanda tenha virado uma "carola". Ela
apenas descobriu "que a oração pode
acalmar as emoções e fazer a gente
olhar para nosso interior". Quando
está angustiada, reza. "E não tiro mais
a medalha de São Francisco que trouxe comigo."
(AA).
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