São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004
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Ceticismo e fé

Quando soube que dois padres iriam participar da viagem, a médica Fernanda da Silva Roque, 30, pensou: "Meu Deus, isso vai ser muito chato, o pessoal vai ficar rezando o tempo todo!" Mas como a idéia era comemorar o aniversário de 88 anos de sua avó, católica fervorosa, Fernanda criou coragem e embarcou, em setembro de 2003, em um roteiro "religioso" para Fátima, em Portugal, Santiago de Compostela, na Espanha, e Roma, Cássia e Assis, na Itália.
Ela não estava errada quanto às orações: terços e mais terços foram rezados durante a viagem. "Como médica, sempre tive um certo ceticismo. Mas quando você conhece esses lugares, não há como pensar nisso. Ver tantas pessoas de lugares diferentes, rezando juntas, faz a gente ver que Deus existe mesmo", conta.
Como cirurgiã de traumas de um hospital em Belo Horizonte (MG), Fernanda depara-se todo dia com vítimas de acidentes, assaltos, brigas. "Minha fé é testada diariamente". Mas a viagem trouxe transformações. "Passei a ter mais tranqüilidade, mais paz interior, o que me ajudou a encarar essas dificuldades. Essa viagem me fez perceber que meu crescimento espiritual depende daquilo que eu faço na prática, do que eu realmente posso fazer pelo outro."
Se antes ela ia à igreja esporadicamente, depois da viagem passou a ir quase todos os domingos. "Quando estou de plantão e não posso ir, tento dar pelo menos uma "passadinha" durante a semana", conta. Não que Fernanda tenha virado uma "carola". Ela apenas descobriu "que a oração pode acalmar as emoções e fazer a gente olhar para nosso interior". Quando está angustiada, reza. "E não tiro mais a medalha de São Francisco que trouxe comigo." (AA).


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