São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maconha cura dor e cerveja faz bem à saúde

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A cabam de sair dois estudos que, se confirmados, atacam de frente pelo menos um estereótipo e devem fazer a alegria de grande parte da população, principalmente aquela instalada nos dormitórios das faculdades e a fatia dos homens cujo principal exercício é a manipulação do controle remoto da televisão. Resumindo: maconha cura dor, e cerveja faz bem à saúde. Começando pelo primeiro. Cientistas da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, avisaram que estão testando um remédio à base de maconha que combate dor e inflamação sem que o paciente sinta os efeitos entorpecentes. Com o anúncio, outros acadêmicos divulgaram estudos semelhantes.
A substância é um derivado do THC (tetrahidrocanabinol), foi batizada de ácido ajulêmico e, testada em animais, sugeriu um efeito entre dez e 50 vezes mais potente do que o princípio ativo da cânabis, sem o "barato" correspondente. Assim, sugerem que pode ser mais eficiente que analgésicos como aspirina.
O uso medicinal da maconha vem ganhando cada vez mais adeptos nos Estados Unidos, em movimento liderado por pacientes vítimas de câncer e Aids, que já chegaram a participar de sessões no Congresso norte-americano em que contam como a droga ajuda a aliviar a dor e a náusea causadas pelas doenças.
O preconceito vem exatamente do "efeito colateral" da cânabis, ou seja, o caráter entorpecente. Num congresso recente sobre a dor, no entanto, especialistas disseram estar relativamente menos distantes da pílula ou inalador à base do THC que consiga o efeito analgésico sem o entorpecente. "Ainda há um caminho a ser percorrido", disse Andrew Rice, estudioso do assunto do Imperial College de Londres durante palestra no 10º Congresso Mundial sobre a Dor, na Califórnia. "Mas temos a vantagem de o ser humano usar a marijuana há centenas de anos, o que ajuda o estudo prático."
Hoje, oito Estados americanos permitem o cultivo controlado e o consumo da erva para fins medicinais, liderados pela Califórnia, que aprovou a primeira lei a respeito em 1996.
Já a reabilitação da cerveja vem do Medical Center da Universidade do Texas, em Dallas. Após estudar as consequências do álcool na saúde e as causas da hipertensão por 40 anos, o acadêmico Norman D. Kaplan publicou estudo em que compara os efeitos benéficos de um copo de cerveja por dia ao vinho tinto.
Seu estudo é dividido em duas partes. Na primeira, uma pesquisa realizada com 128.934 adultos, pacientes do sistema público de saúde do Texas, mostra que os homens que bebem cerveja têm um risco significativamente menor de apresentar doenças cardíacas do que aqueles que bebem vinho tinto, branco e destilados.
Na segunda, exames feitos em 70 mil enfermeiras funcionárias do Estado mostraram que aquelas que consumiam moderadamente cerveja apresentavam menos sinais de hipertensão do que aquelas que bebiam destilados na mesma quantidade. "Além disso", diz o médico, "o hábito aumentou entre 10% e 20% a taxa de bom colesterol."


Texto Anterior: Poucas e boas: Novo medicamento combate hepatite C
Próximo Texto: Eau de toillete para os pêlos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.