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Maconha cura dor e cerveja faz bem à saúde
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A cabam de sair dois estudos que, se confirmados, atacam de frente pelo
menos um estereótipo e devem fazer a alegria de grande parte da população, principalmente aquela instalada nos dormitórios das faculdades e a fatia dos homens cujo principal exercício é a manipulação do controle remoto da televisão. Resumindo: maconha cura dor, e cerveja faz bem
à saúde. Começando pelo primeiro.
Cientistas da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, avisaram que estão testando um remédio à base de maconha que combate
dor e inflamação sem que o paciente
sinta os efeitos entorpecentes. Com o
anúncio, outros acadêmicos divulgaram estudos semelhantes.
A substância é um derivado do
THC (tetrahidrocanabinol), foi batizada de ácido ajulêmico e, testada
em animais, sugeriu um efeito entre
dez e 50 vezes mais potente do que o
princípio ativo da cânabis, sem o
"barato" correspondente. Assim, sugerem que pode ser mais eficiente
que analgésicos como aspirina.
O uso medicinal da maconha vem
ganhando cada vez mais adeptos nos
Estados Unidos, em movimento liderado por pacientes vítimas de câncer e Aids, que já chegaram a participar de sessões no Congresso norte-americano em que contam como a
droga ajuda a aliviar a dor e a náusea
causadas pelas doenças.
O preconceito vem exatamente do
"efeito colateral" da cânabis, ou seja,
o caráter entorpecente. Num congresso recente sobre a dor, no entanto, especialistas disseram estar relativamente menos distantes da pílula
ou inalador à base do THC que consiga o efeito analgésico sem o entorpecente. "Ainda há um caminho a
ser percorrido", disse Andrew Rice,
estudioso do assunto do Imperial
College de Londres durante palestra
no 10º Congresso Mundial sobre a
Dor, na Califórnia. "Mas temos a
vantagem de o ser humano usar a
marijuana há centenas de anos, o
que ajuda o estudo prático."
Hoje, oito Estados americanos permitem o cultivo controlado e o consumo da erva para fins medicinais,
liderados pela Califórnia, que aprovou a primeira lei a respeito em 1996.
Já a reabilitação da cerveja vem do
Medical Center da Universidade do
Texas, em Dallas. Após estudar as
consequências do álcool na saúde e
as causas da hipertensão por 40 anos,
o acadêmico Norman D. Kaplan publicou estudo em que compara os
efeitos benéficos de um copo de cerveja por dia ao vinho tinto.
Seu estudo é dividido em duas partes. Na primeira, uma pesquisa realizada com 128.934 adultos, pacientes
do sistema público de saúde do Texas, mostra que os homens que bebem cerveja têm um risco significativamente menor de apresentar doenças cardíacas do que aqueles que bebem vinho tinto, branco e destilados.
Na segunda, exames feitos em 70
mil enfermeiras funcionárias do Estado mostraram que aquelas que
consumiam moderadamente cerveja apresentavam menos sinais de hipertensão do que aquelas que bebiam destilados na mesma quantidade. "Além disso", diz o médico, "o hábito aumentou entre 10% e 20% a taxa de bom colesterol."
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