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drible a neura
Eles disfarçam, mas nem sempre enganam
MARGARETE MAGALHÃES
FREE LANCE PARA A FOLHA
Pior do que ser barrado na porta da festa é ser esnobado no trabalho por
causa do "look baby face", que insiste em
permanecer em quem já não é tão jovem.
"Se eu soubesse que falava com um moleque, teria chamado seu chefe", foi o que ouviu o engenheiro Carlos Urban, responsável pelo gerenciamento dos contratos de obras hidrelétricas da empresa
Alstom, no seu primeiro encontro com
um cliente de Goiás. Até então, só haviam
falado de negócios pelo telefone. Carlos
tem 25 anos, mas visual de 18.
Os "baby face" são vítimas das mais esdrúxulas e variadas reações. A começar
pelo olhar incrédulo ou de susto do interlocutor no primeiro contato, que sempre
acredita estar se reportando ao estagiário, ao ajudante, ao assistente.
"Uma vez atendi uma criança", conta o
neurocirurgião Marcos Gomes, "e, no
meio da conversa, a mãe perguntou: "Mas
quem é mesmo você?". Ela achou que eu
fosse o enfermeiro!".
Gomes já cogitou seriamente em deixar
bigode para "envelhecer" e tranquilizar
os pacientes (leia outros truques na página 17). "Mas, se você transmite bem o que
está fazendo e dá segurança, o problema
da aparência acaba", diz ele.
Já o advogado Mauro Finatti, que trabalhou no conceituado escritório Pinheiro Neto e agora está no Gibson, Dunn &
Crutcher, de Nova York, conta o que faz
para conquistar a confiança do cliente:
"Meu instrumento é derrubar pedaços
do meu currículo", o que significa expor
detalhes do histórico profissional.
Mas, às vezes, nem há tempo para isso.
Veja este caso: o professor de economia
da PUC-Rio Cláudio Ferraz, 28, chegou a
ser confundido com um aluno e barrado
na sala dos professores!
É sempre embaraçoso para os dois lados, principalmente quando a outra pessoa, para disfarçar o susto, diz: "Mas você
é tão menina e já formada!", como aconteceu com a dentista Márcia Rela, que
atende em seu consultório e no Hospital
das Clínicas (SP).
"Aparentemente lisonjeiro, esse é um
discurso desqualificante", diz a professora de psicologia social da PUC-Rio Teresa
de Goes Monteiro Negreiros, 55. "Criou-se um estereótipo de que o profissional
aquém dos 35 anos ou além dos 55, faixa
considerada o apogeu da intelectualidade, é incompetente e irresponsável no
primeiro caso e pouco dinâmico e desatualizado no segundo."
O publicitário Luli Radfahrer, 33, diretor da DPZ.com e ex-vice-presidente da
Starmedia em Nova York, cansou-se de
enfrentar esse tipo de preconceito. Para
mostrar que não é recém-formado, diz:
"Mexo com Internet desde 93". Às vezes,
encurta a conversa. "Quando um cliente
perguntou quantos anos eu tinha, respondi: "O senhor, quantos quilos pesa?'".
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