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INSPIRE RESPIRE TRANSPIRE
Para chacoalhar o esqueleto
Aulas de dança afro unem cultura, trabalho aeróbico e enrijecimento muscular
PATRICIA CERQUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há três anos, a professora Vanessa Cristina Francisco, 28, recebeu uma recomendação médica nada tradicional: para melhorar o andar e
aprender a colocar todo o pé no
chão, deveria frequentar aulas
de dança afro-brasileira.
Ela já tinha feito balé e jazz,
mas não conhecia a dança afro.
Bastou uma aula para se apaixonar e não largar mais o "tratamento". "É preciso estar
100% presente. Tudo é muito
forte", afirma.
O problema no pé da professora foi resolvido. Não é para
menos. Os alunos ficam descalços durante a aula, que costuma
durar mais de uma hora. Pode
ser desconfortável no início,
mas a sensação passa.
A aula exige que a pessoa se
movimente o tempo todo. É
pura energia, com muito exercício aeróbico e bastante esforço das articulações dos joelhos,
calcanhares e pés. Pula-se muito, por isso a aula começa com
aquecimento.
"O trabalho aeróbico e o
anaeróbico são acentuados",
diz Solange Ferreira Souza,
professora da Pulsarte Arte e
Movimento, em São Paulo. Ela
estima que, em uma hora de aula, dê para queimar cerca de
500 calorias.
Outros benefícios para a saúde lembrados por Souza são o
aumento do tônus e da massa
muscular de tronco e membros
inferiores. "Meu corpo mudou
bastante depois de um ano de
aula. Ficou tudo mais firme",
conta Rafael Bucheb, 28, estudante de turismo.
Haja braço, perna, articulações e fôlego. A Folha fez uma
aula com a professora Marilene
Santos, do Grupo Okun, em
São Paulo, para entender como
é o curso que, aos poucos, vem
atraindo alunos que querem
praticar danças, mas não gostam da sistemática do balé e
têm vergonha de abraçar um
par na dança de salão.
É uma aula alto-astral, energética e democrática. "Não tem
nível iniciante ou avançado",
explica Aline Valentim, professora na Fundição Progresso,
localizada no Rio de Janeiro.
É democrática inclusive na
vestimenta: pode ser frequentada com qualquer roupa confortável, de preferência bem
colorida. "O objetivo não é definir pernas, braços ou perder a
barriga, mas sim se descobrir",
afirma Valentim.
Os alunos aprendem os movimentos e vão se soltando, encontrando a ginga, a malemolência e o ritmo para acompanhar os pulos, as movimentações intensas de braço, quadril
e até do olhar. Tudo é acompanhado pelo som de música africana (que costuma ser ao vivo)
ou pelo afro-reggae baiano.
Múltiplos estilos
Não há um tipo só de dança
afro. Cada professor faz a sua
aula. Os entrevistados pela Folha disseram buscar referências nos movimentos executados em danças folclóricas como
maracatu, congo, maculelê ou
jungo. Também afirmaram que
estudaram os movimentos realizados em danças de orixás como xangô, ogum ou iemanjá.
"Ter essa referência faz com
que o professor explique para a
turma a origem do movimento
e, ao contextualizar, a aula sai
da técnica pela técnica e ganha
um significado", explica Evandro Passos, professor de dança
afro do Centro Universitário de
Belo Horizonte (Uni-BH) e da
Associação Sócio-Cultural Batakas, em Belo Horizonte.
Onde encontrar
Pulsarte Arte em Movimento
r. Pereira Leite, 55, São Paulo
tel. 0/xx/11/3868-2008
(mensalidade: R$ 125, duas vezes por semana)
www.pulsarte.com.br
Grupo Okun de Cultura Afro-Brasileira
r. Turiassu, 1.172, São Paulo
tel. 0/xx/11/3673-0688
(mensalidade: R$ 70, uma vez por semana)
Associação Sócio-Cultural Batakas
r. Diamantina, s/nº, Belo Horizonte
tel. 0/xx/31/9606-9192 (Evandro Passos)
(mensalidade: R$ 65, duas vezes por semana)
Fundição Progresso
r. Arcos da Lapa, s/nº, Rio de Janeiro
tel. 0/xx/21/2220-5070
(mensalidade: R$ 90, duas vezes por semana)
[...]
"O objetivo não é definir pernas, braços ou perder a barriga, mas sim se descobrir"
Aline Valentim, professora
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