São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009
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[+]CORRIDA

Rodolfo Lucena

Ouro para o Brasil

Sou um dos que se emocionaram acompanhando o anúncio de que o Rio será a sede da Olimpíada de 2016. Pulei na cadeira como se fosse gol. Também gostei dos vídeos que apresentaram a capital fluminense como a cidade maravilhosa que é.
A alegria não faz esquecer a violência da guerra de traficantes nem mascara a brutal concentração de renda que envergonha o país. Elas estão nas ruas, e não há festa olímpica capaz de maquiar corpos nus em carrinhos de supermercado ou crianças famintas esmolando nas esquinas. O Brasil tem suas mazelas e precisa enfrentá-las.
Além de sorvedouro de dinheiro e escada para políticos, Rio-2016 pode ser arma para atacar alguns dos graves problemas do país. É possível fazer do sonho olímpico um rastilho de mobilização em busca de conquistas esportivas e, ao mesmo tempo, de inclusão social.
Pensar em colocar o Brasil no topo do quadro de medalhas olímpicas significa criar projetos para abrir oportunidades para que milhões de crianças, jovens e adultos tenham contato com o esporte. A única forma de descobrir talentos, já disse alguém, é oferecer chance para que eles desabrochem.
Para isso, é fundamental engajar a rede de escolas do país, do ensino básico ao universitário. Campeonatos escolares, competições intermunicipais e copas regionais são algumas das formas de incentivo à participação do jovem no esporte.
Ao mesmo tempo, há que formar professores, atraí-los para essa "corrente pra frente". Congressos, encontros e seminários são ferramentas para atualizar e comprometer o corpo docente brasileiro nesse projeto.
A Olimpíada no Brasil pode ainda ser tema usado para o ensino das mais diversas disciplinas, mostrando aos jovens que os conhecimentos teóricos têm, sim, utilidade e relação com o dia a dia.
É uma oportunidade para o país resgatar décadas de história de trabalhos de educação e inclusão social, das experiências do CPC da UNE, no período pré-64, às expedições do Projeto Rondon, no tempo da ditadura militar, e o que mais exista hoje em andamento.
Não menos importante, há que listar e incentivar as iniciativas de mobilização esportiva que pipocam pelo país, como o projeto que descobriu a jovem velocista Bárbara Leôncio, atleta-símbolo do Rio-2016. O judoca Flávio Canto, a triatleta Fernanda Keller, o maratonista Vanderlei Cordeiro e o nadador Luiz Lima são apenas alguns exemplos de atletas que emprestam seu brilho para empreendimentos de incentivo ao esporte. É daí, da ação conjunta e coordenada desses e de outros talentos, do governo, das escolas e das empresas, que se pode ter esperança de conquistar, sim, ouro para o Brasil.


RODOLFO LUCENA , 52, é editor de Informática da Folha , ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record) e de "+Corrida" (Publifolha)

rodolfolucena.folha@uol.com.br

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