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[+]CORRIDA
Rodolfo Lucena
Ouro para o Brasil
Sou um dos que se
emocionaram acompanhando o anúncio
de que o Rio será a
sede da Olimpíada de 2016.
Pulei na cadeira como se fosse gol. Também gostei dos vídeos que apresentaram a capital fluminense como a cidade maravilhosa que é.
A alegria não faz esquecer
a violência da guerra de traficantes nem mascara a brutal
concentração de renda que
envergonha o país. Elas estão
nas ruas, e não há festa olímpica capaz de maquiar corpos nus em carrinhos de supermercado ou crianças famintas esmolando nas esquinas. O Brasil tem suas mazelas e precisa enfrentá-las.
Além de sorvedouro de dinheiro e escada para políticos, Rio-2016 pode ser arma
para atacar alguns dos graves
problemas do país. É possível
fazer do sonho olímpico um
rastilho de mobilização em
busca de conquistas esportivas e, ao mesmo tempo, de
inclusão social.
Pensar em colocar o Brasil
no topo do quadro de medalhas olímpicas significa criar
projetos para abrir oportunidades para que milhões de
crianças, jovens e adultos tenham contato com o esporte.
A única forma de descobrir
talentos, já disse alguém, é
oferecer chance para que
eles desabrochem.
Para isso, é fundamental
engajar a rede de escolas do
país, do ensino básico ao universitário. Campeonatos escolares, competições intermunicipais e copas regionais
são algumas das formas de
incentivo à participação do
jovem no esporte.
Ao mesmo tempo, há que
formar professores, atraí-los
para essa "corrente pra frente". Congressos, encontros e
seminários são ferramentas
para atualizar e comprometer o corpo docente brasileiro nesse projeto.
A Olimpíada no Brasil pode ainda ser tema usado para
o ensino das mais diversas
disciplinas, mostrando aos
jovens que os conhecimentos teóricos têm, sim, utilidade e relação com o dia a dia.
É uma oportunidade para
o país resgatar décadas de
história de trabalhos de educação e inclusão social, das
experiências do CPC da
UNE, no período pré-64, às
expedições do Projeto Rondon, no tempo da ditadura
militar, e o que mais exista
hoje em andamento.
Não menos importante, há
que listar e incentivar as iniciativas de mobilização esportiva que pipocam pelo
país, como o projeto que descobriu a jovem velocista Bárbara Leôncio, atleta-símbolo
do Rio-2016. O judoca Flávio
Canto, a triatleta Fernanda
Keller, o maratonista Vanderlei Cordeiro e o nadador
Luiz Lima são apenas alguns
exemplos de atletas que emprestam seu brilho para empreendimentos de incentivo
ao esporte. É daí, da ação
conjunta e coordenada desses e de outros talentos, do
governo, das escolas e das
empresas, que se pode ter esperança de conquistar, sim,
ouro para o Brasil.
RODOLFO LUCENA , 52, é editor de
Informática da Folha , ultramaratonista e
autor de "Maratonando, Desafios e
Descobertas nos Cinco Continentes" (ed.
Record) e de "+Corrida" (Publifolha)
rodolfolucena.folha@uol.com.br
bit.ly/blogdorodolfo
ANIVERSÁRIO
Com a edição de hoje, esta coluna e o blog coirmão completam três anos de vida e têm como fruto o livro "+Corrida". Para festejar, vamos presentear os leitores com alguns exemplares. Veja no blog como participar da promoção.
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