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Sintomas duram até dois anos após demissão
O impacto do desemprego sobre a saúde
física e psíquica da pessoa pode ser mais
duradouro e de maior dimensão do que
se imagina. Pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Michigan
(EUA) com 756 pessoas, com idade média de 36 anos e que haviam perdido o
emprego há menos de 13 semanas, mostrou que a crise que acompanha a demissão é mais prejudicial que a própria perda do emprego. Depressão, perda do
controle pessoal, crises emocionais e empobrecimento da saúde física são sintomas que podem ser desencadeados pelo
desemprego e perdurar por até dois anos,
mesmo nas pessoas que já estão com emprego novo, conforme mostrou o estudo.
Para a psicóloga Cida Lopes, que trabalha com recolocação profissional, a primeira sensação que costuma abalar o demitido é a de incompetência. "Por mais
que a pessoa saiba que a causa foi uma
restruturação de mercado, por exemplo,
e não o seu desempenho, ela tende a se
achar incapaz e derrotada", afirma a psicóloga.
O administrador de empresas Renato
Vargas, 37, foi demitido de um cargo de
gerência comercial em fevereiro deste
ano. Não esperava o afastamento, pois
"apresentava uma história de ascensão
na empresa". "Fiquei pensando onde havia errado. O sentimento de incompetência foi muito grande no início, além de
tristeza", conta ele.
Indignação, frustração, desânimo e insegurança também são comuns. Entre os
vários casos relatados pelos consultores,
um ilustra bem a insegurança do demitido: a pessoa continuava saindo de casa
no horário de sempre para que os vizinhos não desconfiassem de que havia
perdido o emprego. "O fator família pode
acentuar tudo isso; o desempregado fica
no dilema: "O que meu filho vai pensar? E
a minha mulher?'", diz Lopes. Nesses casos, os familiares também são chamados
a participar dos encontros com o psicólogo, a fim de minimizar o impacto que a
demissão possa ter também sobre eles.
Quando o cônjuge também trabalha, a
situação é mais tranquila. A dona-de-casa, diz Lopes, como desconhece o mercado e sente mais os efeitos da falta de salário do marido, cobra mais.
O importante é tanto o demitido quanto a família encararem o momento como
passageiro. "Se a pessoa colocar na cabeça que nunca mais vai conseguir se recolocar, pode apresentar uma depressão
profunda", diz Lopes.
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