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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003
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Professor particular de matemática é avô desse novo tipo de instrutor, o qual investe em temáticas mais pessoais

Personal trainers dão aula de striptease a artes

Marcelo Barabani/Folha Imagem
A gerente de banco Maria Estela contratou uma personal artist


ANTONIO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O que você pensa sobre uma instrutora sexual que pode dar dicas sobre a melhor forma de tirar a roupa na hora da sedução? Ou um especialista para escolher as peças de roupa que mais combinam com você? Seja para ajudar a pôr ou a tirar a roupa, cresce hoje o número de profissionais -de nutricionistas a professores de arte- que prestam consultorias personalizadas e ganham o título de "personal alguma coisa".
Tais profissionais são a versão moderna dos bons e velhos professores particulares de matemática, português ou música. A maior diferença é que levam um título em inglês e atuam em situações muito pessoais e íntimas. São eles: o personal stylist, o personal artist, o personal coach, o personal dieter, o personal physician e o personal sex trainer (leia texto abaixo e nas próximas duas páginas), além do já manjado personal trainer, com atuação voltada à atividade física.
"Um professor particular de idiomas, por exemplo, vai ensinar algo que não é possível aprender em família ou na sociedade. Mas saber qual roupa usar e quais alimentos são os mais adequados para os filhos é algo que se consegue no dia-a-dia", diz o psiquiatra Luiz Cuschnir.
Não que uma mãozinha de um personal dieter ou stylist não seja válida. O problema é quando essa busca pelo personal indica a solidão em sociedade. "Essa busca existe porque falta o contato face a face; faltam a irmã mais velha que fala para a mais nova sobre os jogos de sedução e o vizinho que dá dicas sobre a viagem à Europa. A desconfiança entre as pessoas reforça isso", diz a psicanalista e colunista da Folha Anna Veronica Mautner.
Um alerta para usufruir o serviço sem perder o senso crítico: escapar da idéia de que as coisas são obtidas num passe de mágica. No caso, "a pessoa não procura em si a solução para aquilo que almeja e transfere a responsabilidade para o outro", diz o psicanalista Armando Colognese Junior. (Colaborou Tatiana Aschcar)

"Essa busca existe porque falta o contato face a face; faltam a irmã mais velha que fala para a mais nova sobre os jogos de sedução e o vizinho que dá dicas sobre a viagem à Europa. A desconfiança entre as pessoas reforça isso"


Anna Veronica Mautner, psicanalista e colunista da Folha


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