São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008
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Aula de palhaçada

Doutores da Alegria promovem seu primeiro curso de palhaço voltado para curiosos

JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

E les fazem a alegria de crianças doentes -e também dos adultos que estão em volta- em 19 hospitais públicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. Agora, vão compartilhar suas palhaçadas, semanalmente, com 20 pessoas fora do ambiente hospitalar. Os Doutores da Alegria iniciaram, na última terça-feira, o primeiro curso de palhaço voltado para -como os organizadores definem- curiosos.
Uma delas é Thais Curia, 36, analista de responsabilidade social. "Matriculei-me no curso porque o palhaço é fascinante, o palhaço pode tudo: improvisa, é espontâneo, tem características que vamos perdendo no dia-a-dia", diz.
O objetivo do curso, que dura dois meses, não é formar palhaços, mas "fazer as pessoas se divertirem, relembrarem brincadeiras da infância, saírem do padrão, darem risadas juntas, aprenderem a usar a improvisação", explica Soraya Saide, coordenadora artística, responsável pela formação dos Doutores e uma das integrantes do grupo que darão o curso.
A trupe oferece também formação e capacitação por meio dos projetos Palhaços em Rede, que trabalha com outras trupes de hospitais em todo o país, e Programa de Formação para Jovens, que capacita interessados de 17 a 23 anos para atuar como palhaços. Oferece ainda uma palestra por mês em São Paulo para os interessados no projeto.
Para Saide, os Doutores da Alegria têm vocação para formação. "Todos os selecionados para trabalhar conosco passam por dez meses de treinamento voltado para o hospital." A trupe recruta somente atores profissionais, mas, para o trabalho em hospital, fazem algumas adaptações a fim de preservar o paciente e tirar o melhor proveito da interação. Um exemplo é o conceito de visão periférica. "Ao entrar no quarto, é preciso entender os sinais dos pacientes, ver como eles estão nos recebendo", diz Saide.
Ela ainda alerta para o fato de que não deve haver exagero na maquiagem, no figurino e na técnica. "Às vezes, é melhor se vestir discretamente, na medida de sua capacidade de trabalho. O figurino e a maquiagem não podem ser exagerados, como em um palco: ficamos a menos de um metro do paciente."

Para iniciados
Talvez por isso, ou pela projeção que a organização ganhou, mesmo com foco nos curiosos, o curso atraiu iniciados com o desejo de aprender mais técnicas e aplicá-las em trabalhos futuros, caso da radialista Daniela Mansur, 23.
Ela é voluntária de uma creche em Cotia (SP) há sete anos e, há dois, começou a atuar como palhaça nessa instituição. Agora, quer participar de uma organização semelhante aos Doutores, que também trabalha em hospitais. "Quem ministra esse curso é justamente quem treina a equipe dos Doutores. Estou tentando me engajar. Mesmo sendo para iniciantes, é um treino. Preciso trabalhar sempre o improviso."
Cerca de 60 pessoas não conseguiram se inscrever para a primeira edição, com 20 vagas e taxa de R$ 560 -a renda será aplicada nos trabalhos realizados nos hospitais públicos. "Se abríssemos mais espaço, viraria palestra, o que não é o objetivo. Queremos trabalhar em grupo, para as pessoas se descobrirem no coletivo", argumenta Saide.
Mas, provavelmente, haverá mais oportunidades: os organizadores prevêem para o segundo semestre um curso semelhante, com o foco ainda indefinido. Já confirmados, um curso para profissionais e estudantes da saúde ocorrerá no final de junho, no Rio de Janeiro, e outro, para atores e estudantes de teatro, está marcado para agosto, em São Paulo, com grandes chances de lotação completa. "É um espaço onde tudo é permitido, uma terapia mesmo. Nós nos aceitamos com nossos erros e acertos. Olhamos para o palhaço e concluímos: 'Eu sou tudo isso'", resume Thais Curia.


Mais informações sobre os cursos: 0/xx/11/3061-5523 cursos@doutoresdaalegria.org.br


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