São Paulo, quinta-feira, 09 de julho de 2009
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INVERNO

Combate ao seco

Novos hidratantes nasais em gel, com água do mar ou celulose têm a mesma função do soro fisiológico, mas podem ser indicados para casos específicos

FLÁVIA GIANINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Spray de água do mar, pó de celulose, gel hidratante: com a chegada do inverno, as farmácias aumentam a oferta de produtos para quem busca alívio para o nariz ressecado ou irritado, sintoma comum de gripes, resfriados e alergias.
Assim como o soro fisiológico, a composição de quase todos eles é basicamente água e sódio -diferentemente da dos descongestionantes, que têm corticoides. Ainda que o alívio só chegue com a utilização regular do produto e após alguns dias de tratamento, a diversificação de concentrações e apresentações traz vantagens, de acordo com os especialistas.
"Idosos têm a mucosa 20% mais ressecada que a dos jovens e muitas vezes reclamam de ardência ao usar as soluções salinas. O produto em gel resolve o problema", exemplifica o rinologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC Fernando Veiga Jr.
Já o pó de celulose atende especialmente a pacientes com mucosa desgastada, pois cria uma barreira que impede o ressecamento das narinas.
Outras vezes, a decisão pode ser prática. O soro fisiológico pode ser usado para higiene e hidratação nasal, assim como o produto à base de água do mar. Mas, em um bebê com menos de 12 meses, o segundo pode ser mais eficiente, pois o jato contínuo de gás propulsor e a válvula específica permitem que a aplicação seja rápida e vigorosa. O primeiro custa menos de R$ 5 e o segundo ultrapassa R$ 30.

Hidratantes e protetores
O nariz produz dois litros de muco por dia para manter suas funções. "Ele filtra, umidifica, climatiza e limpa o ar que envia aos pulmões. É um ar-condicionado perfeito quando está totalmente funcional", diz o pesquisador e imunologista Antônio Condino, da USP (Universidade de São Paulo).
Mas o ar frio e seco desta época do ano resseca a mucosa, causando dor, obstrução, sangramento e predisposição a infecções. "Como resultado, o sistema respiratório fica mais exposto aos componentes tóxicos ou irritantes presentes no ar, como a fumaça de automóveis, das indústrias e de cigarros, aos micro-organismos inalados, como vírus, bactérias e alérgenos, e à agressividade do ar-condicionado", diz Condino.
Segundo a Sociedade Brasileira de Rinologia, cerca de 30% da população brasileira sofre de rinite, e o índice de pacientes com doenças respiratórias, incluídas as infecciosas, pode chegar a 50%.
Para manter as vias aéreas livres de impurezas e impedir a entrada dos agentes indesejáveis no trato respiratório, é recomendada uma limpeza do nariz, que pode ser feita com soro fisiológico ou com uma das novidades do mercado -até quatro vezes ao dia e com um esguicho em cada uma das narinas por vez.
Além de oferecer mais conforto, a hidratação nasal evita o agravamento das doenças de inverno. "Mal tratada, uma rinite pode evoluir para uma sinusite ou uma gripe, virar uma pneumonia", diz Condino.
Por ser uma ação mais preventiva do que terapêutica, a hidratação das mucosas não tem contraindicação, desde que observadas algumas limitações.

Descongestionantes
Já os descongestionantes nasais podem trazer consequências ruins se usados indiscriminadamente. À base de corticoides, eles desentopem o nariz na hora, mas não devem ser usados sem orientação médica, pois podem levar à obstrução nasal crônica (sensação de nariz entupido) devido ao desenvolvimento da chamada rinite medicamentosa. "Como o efeito é imediato, mas temporário, as pessoas se viciam", diz o rinologista Fernando Veiga Jr.
Após sete dias de uso, é comum um efeito rebote: o nariz fica mais entupido após o resultado passar, o que leva o paciente a usar novamente a medicação -e o organismo precisa de doses cada vez maiores para alcançar o mesmo efeito.
O uso frequente desses remédios pode levar a efeitos raros, mas sérios, como hipertensão arterial e infarto. "Deve-se evitar o uso de tais medicamentos e tentar substituí-los por solução fisiológica", explica o rinologista.


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