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INVERNO
Combate ao seco
Novos hidratantes nasais em gel, com água do mar ou celulose têm a mesma função do soro fisiológico, mas podem ser indicados para casos específicos
FLÁVIA GIANINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Spray de água do mar, pó
de celulose, gel hidratante: com a chegada
do inverno, as farmácias aumentam a oferta de produtos para quem busca alívio
para o nariz ressecado ou irritado, sintoma comum de gripes,
resfriados e alergias.
Assim como o soro fisiológico, a composição de quase todos eles é basicamente água e
sódio -diferentemente da dos
descongestionantes, que têm
corticoides. Ainda que o alívio
só chegue com a utilização regular do produto e após alguns
dias de tratamento, a diversificação de concentrações e apresentações traz vantagens, de
acordo com os especialistas.
"Idosos têm a mucosa 20%
mais ressecada que a dos jovens
e muitas vezes reclamam de ardência ao usar as soluções salinas. O produto em gel resolve o
problema", exemplifica o rinologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC Fernando Veiga Jr.
Já o pó de celulose atende especialmente a pacientes com
mucosa desgastada, pois cria
uma barreira que impede o ressecamento das narinas.
Outras vezes, a decisão pode
ser prática. O soro fisiológico
pode ser usado para higiene e
hidratação nasal, assim como o
produto à base de água do mar.
Mas, em um bebê com menos
de 12 meses, o segundo pode ser
mais eficiente, pois o jato contínuo de gás propulsor e a válvula
específica permitem que a aplicação seja rápida e vigorosa. O
primeiro custa menos de R$ 5 e
o segundo ultrapassa R$ 30.
Hidratantes e protetores
O nariz produz dois litros de
muco por dia para manter suas
funções. "Ele filtra, umidifica,
climatiza e limpa o ar que envia
aos pulmões. É um ar-condicionado perfeito quando está totalmente funcional", diz o pesquisador e imunologista Antônio Condino, da USP (Universidade de São Paulo).
Mas o ar frio e seco desta época do ano resseca a mucosa,
causando dor, obstrução, sangramento e predisposição a infecções. "Como resultado, o sistema respiratório fica mais exposto aos componentes tóxicos ou irritantes presentes no ar,
como a fumaça de automóveis,
das indústrias e de cigarros, aos
micro-organismos inalados,
como vírus, bactérias e alérgenos, e à agressividade do ar-condicionado", diz Condino.
Segundo a Sociedade Brasileira de Rinologia, cerca de 30%
da população brasileira sofre de
rinite, e o índice de pacientes
com doenças respiratórias, incluídas as infecciosas, pode
chegar a 50%.
Para manter as vias aéreas livres de impurezas e impedir a
entrada dos agentes indesejáveis no trato respiratório, é recomendada uma limpeza do
nariz, que pode ser feita com
soro fisiológico ou com uma
das novidades do mercado
-até quatro vezes ao dia e com
um esguicho em cada uma das
narinas por vez.
Além de oferecer mais conforto, a hidratação nasal evita o
agravamento das doenças de
inverno. "Mal tratada, uma rinite pode evoluir para uma sinusite ou uma gripe, virar uma
pneumonia", diz Condino.
Por ser uma ação mais preventiva do que terapêutica, a
hidratação das mucosas não
tem contraindicação, desde
que observadas algumas limitações.
Descongestionantes
Já os descongestionantes nasais podem trazer consequências ruins se usados indiscriminadamente. À base de corticoides, eles desentopem o nariz na
hora, mas não devem ser usados sem orientação médica,
pois podem levar à obstrução
nasal crônica (sensação de nariz entupido) devido ao desenvolvimento da chamada rinite
medicamentosa. "Como o efeito é imediato, mas temporário,
as pessoas se viciam", diz o rinologista Fernando Veiga Jr.
Após sete dias de uso, é comum um efeito rebote: o nariz
fica mais entupido após o resultado passar, o que leva o paciente a usar novamente a medicação -e o organismo precisa
de doses cada vez maiores para
alcançar o mesmo efeito.
O uso frequente desses remédios pode levar a efeitos raros, mas sérios, como hipertensão arterial e infarto. "Deve-se
evitar o uso de tais medicamentos e tentar substituí-los por
solução fisiológica", explica o
rinologista.
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