São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011
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DISPUTA NO ESPELHO

XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

E da capanga básica com uma latinha de Minâncora, um cortador de unhas -tipo Unhex- e um tubo de polvilho antisséptico Granado chegamos a uma sortida nécessaire de cremes e frescuras. Daí para uma sobrancelha desenhada foi um pulo.
Tudo começou quando Deus, de uma costela de Beckham, criou o metrossexual. Perdido no mato sem cachorro ou GPS, esfoliado e mal-pago, o macho tenta uma desforra contra o avanço histórico da fêmea. Bem no campo da cosmética.
Sintoma do triunfo do metrossexualismo, que deixa o seu rastro de peles lambuzadas e mulheres divididas.
Há quem goste. Tenho percebido, porém, um coro de moças perplexas diante deste novo caubói sensível.
As últimas queixas que ouvi de amigas intrigadas com seus rapazes delicados: "A bancada de potes de creme dele é maior do que a minha, como pode?"; "Outro dia, repare, ele demorou mais para se arrumar do que eu"; "Fico revoltada quando um marmanjo, e dito hétero, fura a fila da clínica de depilação"; "Outro dia ficamos disputando o espelho do banheiro do hotel, vê se pode!"
Pode sim, minha querida, o macho-jurubeba, o dito cavalheiro à moda antiga, já era. Deve ter sobrado uma meia dúzia. Uns três na Mooca, aqui em SP, e mais três no Crato, terra de origem deste cronista.
Calma, moça, não significa que o homem seja menos macho, menos testosteronizado. Não obrigatoriamente. A simbologia, o que representava o sexo masculino, porém, está indo mesmo para o buraco.
A vaidade masculina, senhorita, não tem nada de ilegal, imoral, aética. É legítima e faz a festa da indústria. É só uma questão de você se acostumar com esse seu novo concorrente no campeonato da vaidade.


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