DA REPORTAGEM LOCAL

"É preciso ter cuidado com vivências mais radicais", afirma Zyun Masuda, clínico geral do Hospital das Clínicas, em São Paulo, que recomenda uma consulta médica prévia para quem pretende participar de qualquer retiro que inclua dias de jejum ou lavagens intestinais e estomacais.
Segundo ele, uma pessoa com a "saúde em dia" pode ficar quatro dias sem comer sem ter problemas graves. Mas o jejum pode acentuar imunodeficiências de quem tem já está desnutrido ou tem algum tipo de infecção. Ficar sem comer também é perigoso para portadores de diabetes, pois pode levar a uma hipoglicemia. "Os judeus fazem jejum em algumas datas religiosas, mas os doentes são dispensados. Essa sabedoria já é tradicional", diz Masuda.
De acordo com o médico, a medicina tradicional também usa o jejum em casos de intoxicação alimentar ou em cirurgias do aparelho digestivo, mas o paciente recebe soro com glicose e nutrientes. "Esportistas com gordura zero também não podem jejuar, pois não têm reservas calóricas", alerta.
Para o especialista em medicina esportiva e fisiologista do hospital Sírio-Libanês Paulo Zogaib, é preciso cuidado antes de praticar jejuns prolongados. "Mesmo em pessoas saudáveis, não dá para garantir que não haverá nenhum risco", diz o médico. Segundo ele, em longos períodos sem comer, o organismo altera o seu metabolismo, passando a queimar muito mais gordura do que açúcar para obter a energia de que precisa. "Isso aumenta o nível de corpos cetônicos [substâncias tóxicas] no organismo. Algumas pessoas toleram bem, outras não, podendo sofrer fadiga, tontura e alteração de raciocínio", explica Zogaib.
O clínico geral Zyun Masuda também chama atenção para os riscos das lavagens estomacais e intestinais feitas em algumas vivências. Dependendo da intensidade das lavagens, pode haver desidratação, queda de pressão e desmaios. E, se a pessoa sofrer de algum problema do coração, pode ter queda na função cardíaca.(MD)


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