São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007 |
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Neurociência - Suzana Herculano-Houzel Por que é difícil terminar uma relação?
Dizem por aí que o amor nos cega. Para a neurociência, isso tem um fundo de verdade: algumas regiões do cérebro responsáveis por julgamentos sociais -se uma pessoa é confiável ou não, por exemplo- ficam menos ativas quando contemplamos o objeto da nossa paixão, seja filho ou namorado. Talvez por isso eles costumem parecer mais bacanas aos nossos olhos do que aos dos outros. Pensando bem, se todos temos defeitos, quantos casais não deixariam de se formar sem a ajuda de uma cegueirazinha mútua para pequenos problemas?
O problema é que, curiosamente, quando o que causou prazer no passado deixa de funcionar, ou só funciona às vezes, o sistema de recompensa responde durante algum tempo a essas lembranças com uma ativação ainda maior, que motiva o cérebro a insistir quase obsessivamente no assunto até recobrar o bem-estar de antes. É exatamente o que nos faz apertar dezenas de vezes seguidas, e cada vez mais desesperadamente, o botão do controle remoto cuja pilha acabou. Você vê que não funciona mais -mas e se, graças à sorte ou ao seu charme, voltar a funcionar? Se voltar, ótimo - ou não, porque, se a calmaria for apenas temporária, logo começa tudo de novo. E se não voltar, a receita da reabilitação é uma só: tempo, abstinência e outros prazeres. Suzana Herculano-Houzel Neurocientista, professora da UFRJ e autora dos livros "O Cérebro Nosso de Cada Dia" e "Sexo, Drogas, Rock'n'Roll & Chocolate" (ed. Vieira & Lent). Texto Anterior: Para detectar a dislexia é preciso observar Próximo Texto: Menos invasivos Índice |
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