São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009
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Inspire respire transpire

20 horas por dia

Esse é o tempo médio que a brasileira Dani Genovesi, 41, mãe de 3 filhos, quer pedalar para cruzar os EUA em 12 dias

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Ioga e alimentação balanceada são os recursos em que a ciclista Dani Genovesi, 41 anos e mãe de três filhos, aposta para disputar a 28ª edição da Race Across America, corrida ciclística que cruza os Estados Unidos da costa oeste à leste.
Para cumprir a meta -percorrer em 12 dias os 4.800 quilômetros que separam Oceanside, na Califórnia, e Annapolis, em Maryland-, ela pedalará 20 horas por dia, em média, o que consumirá 6.000 calorias. Restarão só quatro horas diárias para se alimentar e descansar. A aventura, por rodovias asfaltadas, começa no dia 16.
A ciclista, que diz ser a primeira brasileira a disputar a prova, tentará quebrar um tabu de dois anos: desde 2007, nenhuma mulher consegue completar a prova em 12 dias.
Dani, professora de educação física, descobriu a prova em 2000. Para disputá-la, é preciso ter dinheiro -"cada bicicleta usada na prova custa o preço de um carro"- e vencer alguma das corridas qualificatórias. Ela conseguiu patrocínio e venceu uma prova em Fortaleza (CE), quando percorreu 551 km pedalando um dia inteiro.
Na prova americana, ela terá de pedalar, em média, 400 km por dia. "Já passei cinco dias dormindo muito pouco, em provas de aventura, mas nem imagino como será viver 12 dias nesse ritmo e fico apavorada quando penso."
"Quem vencer ganha US$ 2.000, mas isso é insignificante perto da emoção de completar a pior competição do mundo em termos de superação, resistência e sofrimento", diz.
A cada dia de prova, a atleta pode perder até 7.000 calorias -a média será de 6.000. Um jogador de futebol gasta cerca de 800 calorias a cada partida.
Para que ela se recomponha, um cardápio especial foi preparado pelo médico e professor de educação física Oswino Penna. "Preciso me alimentar a cada hora. Uma vez por dia, vou fazer uma refeição de verdade, com arroz, massa. No resto do tempo, vou tomar "shakes" e comer sanduíches, frutas secas, castanhas", diz.

Equipe de apoio
A alimentação será preparada pela equipe que vai acompanhá-la em uma minivan. Serão cerca de dez pessoas -o médico fisiologista João Felipe Fonseca, o professor de ioga Orlando Cani, o marido e a filha de Dani, além de amigos. "Minha filha [de 16 anos] vai cuidar da comida. Os amigos vão se revezar como motoristas, mecânicos e guias", diz. Seus outros dois filhos -de 18 e dois anos- vão ficar no Brasil.
O veículo transportará peças e duas das três bicicletas -a primeira, mais leve, é ideal para subidas, a outra será usada em terrenos planos e a terceira é reserva. Cada uma tem 30 combinações de marchas.
Ao longo do percurso, o competidor tem de passar por 53 pontos de controle e confirmar sua presença.
Em dois desses pontos, é feita uma triagem automática: quem passa por eles muito tarde -sinal de que não conseguirá concluir a prova nos 12 dias previstos- é eliminado.

Relaxamento
Além da alimentação, a outra grande preocupação é o descanso. "Em vez de dormir várias horas seguidas, pode ser melhor tirar pequenos cochilos de 15 minutos", planeja Dani, que desde novembro está treinando intercalar os minutos de sono. "Pedalo três, quatro horas e dou aquela relaxada de 10, 15 minutos. Deito e cochilo."
Para o relaxamento, Dani vai recorrer à ioga. "O que faz ganhar essa prova não é o vigor físico, mas a capacidade de recuperação. Preciso usar a cabeça para poupar energia e ter bom rendimento usando a menor energia possível", avalia.
Para se adaptar, a atleta embarcou para os Estados Unidos no início da última semana.


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