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Inspire respire transpire
20 horas por dia
Esse é o tempo médio que a brasileira Dani Genovesi, 41, mãe de 3 filhos, quer pedalar para cruzar os EUA em 12 dias
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Ioga e alimentação balanceada são os recursos em
que a ciclista Dani Genovesi, 41 anos e mãe de
três filhos, aposta para disputar
a 28ª edição da Race Across
America, corrida ciclística que
cruza os Estados Unidos da
costa oeste à leste.
Para cumprir a meta -percorrer em 12 dias os 4.800 quilômetros que separam Oceanside, na Califórnia, e Annapolis,
em Maryland-, ela pedalará 20
horas por dia, em média, o que
consumirá 6.000 calorias. Restarão só quatro horas diárias
para se alimentar e descansar.
A aventura, por rodovias asfaltadas, começa no dia 16.
A ciclista, que diz ser a primeira brasileira a disputar a
prova, tentará quebrar um tabu
de dois anos: desde 2007, nenhuma mulher consegue completar a prova em 12 dias.
Dani, professora de educação
física, descobriu a prova em
2000. Para disputá-la, é preciso
ter dinheiro -"cada bicicleta
usada na prova custa o preço de
um carro"- e vencer alguma
das corridas qualificatórias. Ela
conseguiu patrocínio e venceu
uma prova em Fortaleza (CE),
quando percorreu 551 km pedalando um dia inteiro.
Na prova americana, ela terá
de pedalar, em média, 400 km
por dia. "Já passei cinco dias
dormindo muito pouco, em
provas de aventura, mas nem
imagino como será viver 12 dias
nesse ritmo e fico apavorada
quando penso."
"Quem vencer ganha US$
2.000, mas isso é insignificante
perto da emoção de completar
a pior competição do mundo
em termos de superação, resistência e sofrimento", diz.
A cada dia de prova, a atleta
pode perder até 7.000 calorias
-a média será de 6.000. Um jogador de futebol gasta cerca de
800 calorias a cada partida.
Para que ela se recomponha,
um cardápio especial foi preparado pelo médico e professor de
educação física Oswino Penna.
"Preciso me alimentar a cada
hora. Uma vez por dia, vou fazer uma refeição de verdade,
com arroz, massa. No resto do
tempo, vou tomar "shakes" e
comer sanduíches, frutas secas,
castanhas", diz.
Equipe de apoio
A alimentação será preparada pela equipe que vai acompanhá-la em uma minivan. Serão
cerca de dez pessoas -o médico fisiologista João Felipe Fonseca, o professor de ioga Orlando Cani, o marido e a filha de
Dani, além de amigos. "Minha
filha [de 16 anos] vai cuidar da
comida. Os amigos vão se revezar como motoristas, mecânicos e guias", diz. Seus outros
dois filhos -de 18 e dois anos-
vão ficar no Brasil.
O veículo transportará peças
e duas das três bicicletas -a
primeira, mais leve, é ideal para
subidas, a outra será usada em
terrenos planos e a terceira é
reserva. Cada uma tem 30 combinações de marchas.
Ao longo do percurso, o competidor tem de passar por 53
pontos de controle e confirmar
sua presença.
Em dois desses pontos, é feita uma triagem automática:
quem passa por eles muito tarde -sinal de que não conseguirá concluir a prova nos 12 dias
previstos- é eliminado.
Relaxamento
Além da alimentação, a outra
grande preocupação é o descanso. "Em vez de dormir várias horas seguidas, pode ser
melhor tirar pequenos cochilos
de 15 minutos", planeja Dani,
que desde novembro está treinando intercalar os minutos de
sono. "Pedalo três, quatro horas e dou aquela relaxada de 10,
15 minutos. Deito e cochilo."
Para o relaxamento, Dani vai
recorrer à ioga. "O que faz ganhar essa prova não é o vigor físico, mas a capacidade de recuperação. Preciso usar a cabeça
para poupar energia e ter bom
rendimento usando a menor
energia possível", avalia.
Para se adaptar, a atleta embarcou para os Estados Unidos
no início da última semana.
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