São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002
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Quando a causa está na genética

"Os grandes avanços hoje concentram-se nas pesquisas das causas genéticas da infertilidade. O objetivo é corrigir ou restaurar o potencial de fertilidade do homem por meio de terapia gênica para que ele possa ter filhos de forma natural", diz o urologista Jorge Fragoso. O médico faz um contraponto à técnica Icsi (injeção de espermatozóide no óvulo), que resolve a maior parte dos casos de infertilidade masculina e que, junto com a fertilização in vitro, é uma das menos naturais.
Uma das causas genéticas já identificadas é a microdeleção (pequeno defeito) do cromossoma Y, exclusivo do homem. "Cerca de 15% dos homens azoospérmicos (cuja ejaculação não contém espermatozóides) apresentam esse problema. No caso de quem tem poucos espermatozóides, o percentual fica entre 5% e 10%", afirma Rodrigo Pagani, da Clínica Huntington, de SP, especializada em fertilidade.
"Não será de espantar se, dentro de alguns anos, forem identificadas causas genéticas para esses 20%", diz Pagani, referindo-se à porcentagem dos casos de esterilidade que a medicina não diagnostica.
O médico Jonathas Borges Soares, diretor da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida - entidade que lida com ética e reprodução assistida- lembra que, seja qual for a técnica utilizada, os casais devem ser alertados sobre os riscos, os quais já foram detectados em pesquisas, embora os resultados não sejam conclusivos. Pesquisadores ingleses e australianos que acompanharam mais de mil bebês nascidos entre 93 e 97 concluíram que bebês gerados pela FIV e pela Icsi têm mais do que o dobro de chance de ter complicações, como baixo peso, doenças cardíacas e até paralisia cerebral.
Em setembro, no Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida, serão discutidos critérios para a aplicação da tecnologia e depois apresentados ao governo brasileiro.


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